ONU alerta que Rússia e Israel podem aparecer em relatório de violência sexual
Advertência teria como base comportamentos degradantes das forças armadas e de segurança dos dois países, como violência genital e revistas íntimas abusivas

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta terça-feira, 12, a Rússia e Israel de que ambos podem ser incluídos como partes “credivelmente suspeitas de cometer ou serem responsáveis por padrões de estupro ou outras formas de violência sexual” em um próximo relatório da ONU. A advertência teria como base comportamentos degradantes das forças armadas e de segurança dos dois países, como violência genital, nudez forçada prolongada de prisioneiros e revistas íntimas abusivas com intuito de humilhação.
As evidências obtidas causaram “preocupações significativas quanto a padrões de certas formas de violência sexual que foram consistentemente documentados pelas Nações Unidas”, disse Guterres. No caso de Israel, o chefe da ONU afirmou que estava “gravemente preocupado com informações confiáveis sobre violações cometidas pelas forças armadas e de segurança israelenses” contra palestinos em uma série de prisões, um centro de detenção e uma base militar.
Embora autoridades israelenses e um enviado da ONU tenham conversado sobre abusos, Guterres apontou que “informações limitadas foram fornecidas sobre medidas de responsabilização tomadas em relação a supostos incidentes de violência sexual, apesar dos depoimentos de testemunhas e evidências digitais de soldados israelenses cometendo tais violações”. Em resposta, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, condenou as acusações.
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“A ONU deve se concentrar nos chocantes crimes de guerra e na violência sexual do Hamas e na libertação de todos os reféns. Israel não hesitará em proteger seus cidadãos e continuará a agir em conformidade com o direito internacional”, afirmou ele em comunicado.
O grupo palestino radical foi citado no relatório de Guterres como “credivelmente suspeito de cometer ou ser responsável por padrões de estupro ou outras formas de violência sexual” na guerra, iniciada em outubro de 2023. O Hamas também rejeitou as acusações e disse à agência de notícias Reuters que “essas são certamente novas tentativas de usar mentiras para desviar a atenção dos crimes brutais em andamento cometidos por este governo fascista e seu exército contra nosso povo em Gaza”.
Em relação à Rússia, o líder da ONU relatou estar “seriamente preocupado com informações confiáveis sobre violações cometidas por forças armadas e de segurança russas e grupos armados afiliados” em 50 centros de detenção oficiais e 22 não oficiais na Ucrânia e na Rússia. Os casos indicam “um número significativo de incidentes documentados de violência genital, incluindo eletrocussão, espancamentos e queimaduras nos genitais, além de desnudamento forçado e nudez prolongada, usados para humilhar e obter confissões ou informações” de prisioneiros ucranianos, capturados na guerra, que eclodiu em fevereiro de 2022.