Onda de protestos contra prisão de ativista se intensifica na Rússia
Polícia prende ao menos sete pessoas e governo alerta para duras medidas contra o que chamou de 'extremistas e traidores'

Centenas de apoiadores de um ativista de direitos humanos preso na Rússia realizaram um protesto, nesta sexta-feira, 19, na cidade de Bascortostão, capital da região de mesmo nome. A polícia deteve pelo menos sete pessoas, de acordo com a mídia russa, e o governador da região, Radiy Khabirov, alertou para duras medidas contra o que chamou de “extremistas e traidores”.
O canal de língua russa SOTA Vision publicou um vídeo mostrando a polícia alertando as pessoas com um um alto-falante que elas seriam presas se participassem de uma “reunião não autorizada”. Nas imagens, também é possível ver uma mulher sendo levada pelos agentes de segurança. Espectadores gritavam: “Vergonha!”
O Bascortostão, no sul dos Montes Urais, perto da fronteira entre a Europa e a Ásia, é uma das mais de 80 repúblicas e regiões que compõem a Federação Russa.
Protestos crescem
Foi a terceira manifestação desta semana, mas a primeira na capital regional, em apoio ao ativista dos direitos humanos Fail Alsynov, que foi condenado na quarta-feira 17 a quatro anos de prisão numa colônia penal sob a acusação de incitar o ódio contra etnias. Ele negou as irregularidades.
Alsynov, 37 anos, é considerado um herói por muitos membros da etnia Bashkir que habitam a região, por fazer campanha em nome da preservação de sua língua, cultura e direitos. Ele liderou protestos bem-sucedidos em 2020 para impedir a mineração de ouro numa colina que o povo Bashkir considera sagrada e, no ano passado, ele se manifestou contra o recrutamento de bashkirs para lutar pela Rússia na Ucrânia, dizendo que “esta não é a nossa guerra”.
Dissidências raras
Protestos públicos na Rússia não ocorrem com frequência, dado o risco de prisão, especialmente desde o início da guerra na Ucrânia. O momento é ainda mais delicado tendo em conta que o presidente russo, Vladimir Putin, se candidatará a um novo mandato de seis anos em março.
Embora sua vitória seja praticamente garantida, analistas dizem que há pressão sobre o líder regional Khabirov para manter a situação sob rígido controle, a fim de evitar constrangimentos ao Kremlin durante a campanha eleitoral.