Onda de calor na Itália pode gerar temperatura recorde na Europa
Temperaturas elevadas também estão afetando países como França, Alemanha, Espanha e Polônia
Uma forte onda de calor atinge grande parte da Europa e as altas temperaturas na Itália nesta semana podem chegar perto de quebrar um recorde no continente. É a primeira grande onda de calor a afetar o país depois de uma primavera e o início do verão marcados por tempestades e inundações.
O anticiclone chamado Cerberus vai fazer com que as temperaturas excedam 40°C em grande parte do país até a próxima quarta-feira, 12, com temperaturas entre 47°C e 48°C nas ilhas da Sicília e da Sardenha. O nome “Cerberus ” faz referência ao cão de três cabeças que na mitologia grega guarda os portões do submundo e foi escolhido para representar as três principais zonas climáticas nas quais a Itália vai ser dividida pela área de alta pressão.
Especialistas esperam que o calor intenso dure cerca de duas semanas nas partes central e sul da Itália, enquanto diminui ligeiramente no norte. O recorde de temperatura mais alta da história europeia foi quebrado em 11 de agosto de 2021, quando uma máxima de 48,8°C foi registrada em Floridia, cidade da província siciliana de Siracusa.
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“Sabemos que haverá temperaturas acima de 40°C ou 45°C”, disse Luca Mercalli, presidente da Sociedade Meteorológica Italiana. “Podemos chegar perto do recorde. De qualquer forma, os níveis serão muito altos.”
Uma onda de calor também está atingindo França, Alemanha, Espanha e Polônia. Na Espanha, a segunda onda de calor do verão pode atingir temperaturas de até 44°C em algumas partes do sul do país.
A agência meteorológica espanhola, Aemet, disse que as temperaturas nesta segunda-feira, 10, podem chegar a 38°C em muitas partes da Península Ibérica, subindo para 40°C nas áreas do sul e 44°C em partes do vale do Guadalquivir. A onda de calor, que deve durar até quarta-feira, pode levar temperaturas de até 43°C a Mallorca e ao vale do Ebro na terça-feira, 11.
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A Cruz Vermelha pediu que as pessoas tenham cuidado redobrado e prestem atenção nos mais vulneráveis às altas temperaturas, como crianças e pessoas mais velhas. A recomendação é para que as pessoas se lembrem de se manter hidratadas, evitar cafeína e álcool e observar sinais de insolação, como vômitos, confusão, calor, pele seca e desmaios.
As altas temperaturas também devem afetar a Grécia, onde o Observatório Nacional de Atenas prevê que vão atingir uma média entre 42°C e 43°C a partir de quarta-feira. A onda de calor deve atingir o pico na próxima sexta-feira, 14, embora os meteorologistas tenham previsto que o clima extremo pode desencadear incêndios florestais e ser prolongado e perigoso.
Cientistas gregos fizeram um estudo para nomear e classificar as ondas de calor em uma tentativa de preparar melhor os formuladores de políticas e as populações afetadas dos perigos representados pelos “assassinos invisíveis”. A pesquisa descobriu que houve 61.672 mortes relacionadas ao calor no verão passado, o mais quente já registrado na Europa. A taxa de mortalidade foi mais elevada em Itália, Grécia, Espanha e Portugal.
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De acordo com o estudo, em todas as semanas do verão de 2022, as temperaturas médias na Europa “ininterruptamente” excederam os valores de referência das três décadas anteriores. O calor mais intenso foi entre 18 e 24 de julho, com 11.637 vítimas fatais no período.
A mudança climática causada pelo homem está tornando cada onda de calor no mundo mais intensa e mais provável de acontecer. De acordo com um relatório do Copernicus Climate Change Service, as ondas de calor do ano passado na Europa teriam sido praticamente impossíveis se não houvesse o aquecimento global.