OMS confirma subnotificação da crise de Covid-19 na China
Apesar do alerta, equipe enviada ao país afirmou que não há indícios de alguma nova variante do coronavírus
Depois de enviar uma equipe de especialistas à China, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quarta-feira, 4, que os dados apresentados por Pequim indicam uma subnotificação dos efeitos reais da pandemia de Covid-19 no país, especialmente a respeito do número de mortes. Apesar do alerta, a equipe afirmou que não há indícios de alguma nova variante do coronavírus no país.
“Os números atuais sub-representam o impacto real da doença em termos de internações hospitalares, em UTIs e, especialmente, em termos de mortes”, disse Mike Ryan, diretor de emergências da OMS.
À medida que as preocupações com a rápida disseminação do vírus na segunda maior economia crescem, a ONU se prepara para encontrar cientistas chineses novamente nesta quinta-feira, 5. O objetivo é fazer uma reunião com os Estados-membros com informações mais precisas sobre a atual crise do coronavírus que atinge o país.
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Com o surto de infecções, a probabilidade do surgimento de novas variantes é alta, embora isso não signifique que elas serão responsáveis por novas explosões de casos ao redor do mundo. Segundo o epidemiologista-chefe do Centro de Controle de Doenças da China, o governo instaurou um sistema de vigilância para detectar qualquer alteração no vírus em tempo hábil. Ele confirmou ainda que o país nunca deixou de relatar nenhuma cepa.
Após manter a polêmica política de Covid Zero por quase três anos, o Partido Comunista cedeu à pressão popular e aliviou uma série de restrições de uma só vez, acabando com a obrigatoriedade de testes, quarentenas em massa e restrições de viagens. Com a abertura abrupta, o número de infecções disparou nas últimas semanas e há relatos de hospitais e clínicas sobrecarregadas em várias partes do país.
O verdadeiro número de casos e mortes na China é incerto, uma vez que o governo anunciou que pararia de divulgar os dados necessários – apenas os óbitos por pneumonia ou crises respiratórias estão sendo computados. No entanto, relatos apontam para hospitais sobrecarregados e uma alta taxa de morte entre os idosos.
Segundo especialistas em saúde, a China poderá chegar a pelo menos 1 milhão de mortes relacionadas ao Covid. O país não está preparado para uma mudança tão drástica, já que não conseguiu aumentar a taxa de vacinação entre os idosos nem melhorar a qualidade dos equipamentos em hospitais.
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O diretor do Departamento de Coordenação de Alerta e Resposta da OMS, Abdi Rahman Mahamud, alertou que outra onda de infecções pode estar por vir. Depois de famílias se reunirem para o feriado do Ano Novo Lunar da China, novos casos podem aparecer.
Para Mahamud, o foco principal é aumentar as taxas de vacinação e conscientizar as pessoas a continuarem a usar máscaras para se protegerem. No entanto, a OMS afirmou que “não há inevitabilidade” em termos de previsão de grande número de mortes.
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“A OMS está preocupada com o risco de vida na China e reiterou a importância da vacinação, incluindo doses de reforço para proteger contra hospitalização, doenças graves e morte”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, acrescentando a necessidade de dados rápidos, regulares e confiáveis sobre hospitalizações e mortes.
Com a alta circulação viral na China e falta de informações, diversos países tomaram medidas de segurança. Ao longo das últimas semanas, países como Estados Unidos, Japão e Itália anunciaram que vão exigir testes de Covid-19 para passageiros chineses.