Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Obrador mostra garras contra sistema eleitoral e desencadeia protestos

O folclórico presidente AMLO faz mais uma das suas e enfraquece o instituto que fiscaliza o processo eleitoral, medida autoritária

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h22 - Publicado em 5 mar 2023, 08h00

É difícil decifrar o enigma AMLO — iniciais de Andrés Manuel López Obrador, 69 anos, ícone da esquerda eleito presidente do México em 2018, após duas tentativas frustradas. Entrando na reta final de seu mandato (a eleição é no ano que vem e, por lei, ele não pode disputar), López Obrador ostenta inabaláveis 60% de aprovação, apesar das posições polêmicas, dos ataques às instituições e de atitudes francamente autoritárias. A mais recente foi encaminhar ao Congresso um projeto de lei que reduz o orçamento e enfraquece o Instituto Nacional Eleitoral (INE), uma espécie de TSE mexicano. Aprovada por 72 a 50, a medida foi alvo de protestos em todo o país, que culminaram com manifestações maciças em uma centena de cidades. Na capital, a mobilização, sob o lema “Não toque no INE”, reuniu entre 500 000 pessoas (segundo os organizadores) e 100 000 (segundo a prefeitura) pessoas vestidas de rosa, a cor do instituto, no Zócalo, a praça histórica onde se situa o Palácio Nacional.

O INE teve papel fundamental no encerramento das duas décadas em que um único partido, o PRI (Partido Revolucionário Institucional), dominou a política mexicana e o corte de orçamento e pessoal promovido agora por AMLO foi visto como uma tentativa de garantir a vitória de sua própria legenda, Morena (Movimento Regeneração Nacional) na eleição de 2024. López Obrador, que atribuiu suas derrotas anteriores a fraudes às quais o INE teria feito vista grossa, argumenta que o instituto se tornou inflado, obsoleto e sujeito a manipulação. O propósito das manifestações, afirmou, era “defender velhos privilégios”. O projeto, inclusive, é considerado um plano B, sendo o A uma proposta, não levada adiante, de dar ao governo controle total das eleições. Adversários da nova lei questionam sua constitucionalidade junto à Suprema Corte e torcem para que ela seja revogada. “A reforma vai destruir a instituição que assegura aos cidadãos um padrão eleitoral confiável, apuração transparente e garantia de que os eleitos assumirão seus cargos”, diz Francisco Valdés, do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Nacional Autônoma.

TOM POPULISTA - O presidente: contra os “velhos privilégios”
TOM POPULISTA – O presidente: contra os “velhos privilégios” (Sáshenka Gutiérrez/EFE)

Entre outras medidas discutíveis, AMLO ampliou o papel do Exército em funções civis, como distribuição de medicamentos e obras de infraestrutura, e tenta controlar a internet. Faz da imprensa um alvo preferencial nas mañaneras, entrevistas às 7h da manhã a veículos pouco críticos. Nessas conversas, que podem durar horas, também denuncia as “elites neoliberais”, critica quem o critica e destila fake news — segundo a ONG Artigo 19, 40% do que pronunciou no ano passado era parcial ou totalmente falso. Fiel praticante de gestos midiáticos — com quem Lula conversou por telefone e aceitou convite para uma visita —, cortou o próprio salário e viaja em classe econômica. Recentemente, repostou no Twitter o que seria a foto de um alux, entidade espiritual maia. “Tudo é místico”, cravou na legenda. Teve 10 milhões de visualizações.

Publicado em VEJA de 8 de março de 2023, edição nº 2831

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.