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O quente fim de verão na França

110 000 pessoas protestaram, em Paris e diversas outras cidades, contra a nomeação do conservador Michel Barnier

Por Paula Freitas Atualizado em 13 set 2024, 11h34 - Publicado em 13 set 2024, 06h00

Depois de ganhar a maioria dos assentos do Parlamento nas eleições legislativas de julho, mas não levar, como de praxe, o cargo de primeiro-ministro da França, a esquerda seguiu o roteiro esperado para uma nação movida por pressão popular e foi para as ruas. Capitaneadas pela Nova Frente Popular (NFP), que congrega os socialistas e os verdes, 110 000 pessoas protestaram, em Paris e diversas outras cidades, contra a nomeação do conservador Michel Barnier, 73 anos, para o cargo. “É um roubo eleitoral”, bradou o líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, um dos líderes da NFP, que esperava ver a ex-secretária de Finanças da capital francesa, Lucie Castets, na cadeira de presidente da Assembleia Nacional. Alegando que ela não teria força para resistir a uma moção de censura da extrema direita, o presidente Emmanuel Macron adotou a arriscada manobra de optar por Barnier, um político hábil que negociou a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. O escolhido promete diálogo, mas já balança antes mesmo de estrear no novo emprego, uma vez que os esquerdistas ameaçam constrangê-lo. Por enquanto, quem já deu sinais de poder salvá-lo é o Reagrupamento Nacional, partido da extrema direita, comandado por Marine Le Pen. Pesam, nesse caso, as convergências políticas, principalmente em torno do controle da imigração ilegal. Por ora, Macron evita ceder espaço aos progressistas, mas os protestos são o prenúncio de uma temporada quente no fim do verão francês.

Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2024, edição nº 2910

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