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O que esperar do primeiro debate entre Trump e Biden, nesta quinta-feira

Encontro será transmitido pela emissora americana CNN, às 22h (no horário de Brasília), com duração de 90 minutos

Por Paula Freitas Atualizado em 27 jun 2024, 18h47 - Publicado em 27 jun 2024, 15h30

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump se enfrentam nesta quinta-feira, 27, no primeiro debate eleitoral televisionado, a cinco meses do pleito que definirá o futuro da Casa Branca, em 5 de novembro. O encontro será transmitido pela emissora americana CNN, às 22h (no horário de Brasília), com duração de 90 minutos. Espera-se que os rivais explorem os calcanhares de Aquiles dos mandatos um do outro — para o republicano, ameaça à democracia, insurreição no Capitólio e, talvez, imbróglios com a Justiça; no caso do democrata, problemas na imigração, idade avançada e julgamento de seu primogênito, Hunter Biden.

Equívocos em discursos, tropeços e quedas de Biden, de 81 anos, serão usados por Trump, 78, como sinais de que caminha para a senilidade, condição que o impediria de exercer ativamente o comando dos EUA. Nos últimos meses, o democrata confundiu Ucrânia com Faixa de Gaza, durante anúncio de ajuda humanitária aos palestinos; trocou os nomes dos líderes do Egito e do México, Abdel Fattah al-Sisi e Andrés Manuel López Obrador, respectivamente; e chamou o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, de François Mitterrand, antigo presidente da França, morto em 1996.

Os problemas de Hunter, filho de Biden, com a lei também devem ser abordados pelo ex-presidente, numa tentativa de definir o atual líder americano como complacente e corrupto. Hunter pode pegar até 25 anos de prisão e uma multa de até 750.000 dólares por porte ilegal de arma, embora provavelmente receba muito menos do que o máximo como réu primário. Além do processo relacionado à compra da arma, ele também foi indiciado em dezembro do ano passado por nove acusações de fraude fiscal no estado da Califórnia.

Os desafios do controle da imigração ilegal através das fronteiras americanas também podem ser utilizados contra o democrata. À revista Time, Trump adiantou em maio que, caso eleito, planeja retirar 11 milhões de imigrantes dos Estados Unidos — por lá, estavam mais de 200.000 brasileiros ilegais em 2021, de acordo com um levantamento da Pew Research, publicado no final do ano passado. Ele disse estar “disposto a construir campos de detenção de migrantes e a enviar militares dos EUA, tanto para a fronteira como para o interior”.

A posição de Biden na guerra entre Israel e o grupo palestino radical Hamas, que levou a explosivos protestos nas universidades dos EUA, o estado da economia americana, aborto e os altos gastos com política externa também são tópicos quentes. Ambos os candidatos são considerados pavios curtos, o que poderia levá-los a cair em ciladas. Em 2020, telespectadores definiram o desempenho de Trump nos debates como ruim por discutir e interromper o moderador. Há, ainda, risco de que a desinformação ganhe terreno durante o programa por declarações do republicano.

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Problemas de Trump

No início de maio, Trump afirmou que seus “primeiros atos como próximo presidente serão fechar a fronteira e libertar os reféns de 6 de janeiro que foram presos injustamente”, o que pode afastar eleitores moderados. Uma investigação da Câmara dos EUA constatou, em 2022, que o republicano, então presidente, ficou inerte por três horas enquanto seus apoiadores violentamente interromperam a confirmação de Biden como o novo líder do país.

Segundo o comitê investigativo da Câmara, Trump não apenas falhou em agir, mas optou conscientemente por não agir. Testemunhas disseram que o ex-presidente não fez um único telefonema para autoridades de segurança durante o ataque ao Capitólio, nem para funcionários do então vice-presidente, Mike Pence, ou do governo em Washington, D.C. O argumento foi que a recusa de Trump em intervir no incidente equivaleu a um abandono de seu dever presidencial — segundo Biden, o republicano representaria, então, um perigo para a democracia americana.

As desavenças de Trump com a Justiça também são pontos polêmicos, mas talvez não sejam abordados por Biden para que o republicano não use as declarações sobre os processos criminais, quatro no total, para reforçar sua tese de grande vítima de perseguição política, que teria como objetivo impedi-lo de concorrer à Casa Branca. Considerado culpado em 34 acusações criminais de falsificação de registros de negócios, no caso de pagamento de suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels, ele declarou que o julgamento foi “injusto” e “enviesado”.

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