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O que é o Pegasus, sistema usado para espionar jornalistas e ativistas

Alvos de espionagem com software israelense também incluem opositores políticos de países conhecidos por regimes autoritários

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2021, 10h48 - Publicado em 19 jul 2021, 10h41

Um software israelense projetado para rastrear criminosos e terroristas foi usado para roubo de dados e espionagem de repórteres, ativistas de direitos humanos, advogados e diretores de empresas de todo o mundo. Essa é uma das principais conclusões de uma investigação publicada neste domingo 18 e realizada pelo jornal americano The Washington Post e outros 16 veículos de comunicação com a ajuda da Anistia Internacional e da ONG francesa Forbidden Stories.

A AI e a Forbidden Stories tiveram acesso a uma lista de mais de 50.000 números de telefone que teriam sido monitoradas pela empresa israelense NSO por meio do software Pegasus e os compartilharam com a imprensa. Não ficou claro de onde veio essa lista — ou quantos telefones foram realmente hackeados.

Por meio dos números de telefone, porém, os veículos da imprensa conseguiram identificar alguns dos possíveis candidatos para vigilância, entre eles mais de 180 editores, repórteres investigativos e outros jornalistas. Há ainda ativistas e opositores políticos de países conhecidos por espionagem de seus cidadãos ou que são clientes do NSO Group.

O software

O programa no centro da polêmica é o spyware chamado Pegasus, criado pela empresa de tecnologia israelense NSO Group, que o vende para até 60 agências militares, de inteligência e de segurança em 40 países do mundo. O software infecta iPhones e dispositivos Android para permitir que as operadoras extraiam mensagens, fotos e e-mails, gravem chamadas e ativem secretamente microfones e câmeras.

O Pegasus ganhou as manchetes pela primeira vez em 2016, quando o prestigiado Citizen Lab, da Universidade de Toronto, descobriu vulnerabilidades no iOS, o sistema operacional móvel da Apple. Mais tarde, em 2019, 1.400 pessoas foram vítimas de espionagem através do software, que explorou uma vulnerabilidade do WhatsApp para se infiltrar nos telefones.

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Os alvos

A investigação atual revelou a existência de uma lista de 50.000 novos números de telefone vulneráveis. Os números não apareciam relacionados a nomes específicos, mas os meios de comunicação que trabalham na investigação identificaram mais de 1.000 pessoas vivendo em 50 países.

Muitos dos números da lista estão concentrados em 10 países já conhecidos pela espionagem dos seus cidadãos, perseguição a jornalistas e ativistas ou regimes autoritários: Azerbaijão, Bahrein, Hungria, Índia, Cazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Há vários membros de famílias reais árabes, pelo menos 65 funcionários do alto escalão de empresas, 85 ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas e mais de 600 políticos e autoridades governamentais, incluindo chefes de estado e de governo, ministros e diplomatas.

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Porta-vozes desses países negaram que ter usado o sistema Pegasus ou abusado de seus poderes legais de vigilância. Em declarações ao The Washington Post, o NSO Group se recusou a identificar os governos aos quais vendeu o spyware.

Entretanto, a análise dos meios de comunicação conclui que, da lista de números de telefones celulares, 15.000 estava no México e pertencia a políticos, jornalistas e sindicalistas, entre outros. No Azerbaijão, do ditador Ilham Aliyev, vários ativistas aparecem nos dados. Na Índia, consta o nome de Rahul Gandhi, o principal adversário político do primeiro-ministro Narendra Modi. A lista ainda inclui duas mulheres próximas ao jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi.

(Com EFE)

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