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O irmão ‘trumpista’ de papa Leão XIV

As postagens nas redes de Louis Prevost, o primogênito da família, mostram que ele abraçou várias teorias da conspiração da ultradireita nos EUA

Por Amanda Péchy SEGUIR SEGUINDO 14 Maio 2025, 09h43

Louis Prevost, brother of newly elected Pope Leo XIV, Robert Prevost, speaks during an AFP interview outside his home in Port Charlotte, Florida, on May 9, 2025. Robert Francis Prevost became the first pope from the United States on May 8, 2025, picking the papal name Leo XIV after cardinals from around the world elected him leader of the world's 1.4 billion Catholics. Tens of thousands of people packed in St Peter's Square cheered as Prevost appeared on the balcony of St Peter's Basilica, waving with both hands, smiling and bowing. (Photo by CHANDAN KHANNA / AFP) — Louis Prevost, irmão do recém-eleito papa Leão XIV (antes cardeal Robert Prevost), em sua casa em Port Charlotte, Flórida. 09/05/2025 - (Chandan Khanna/AFP)

Entre os dez cardeais dos Estados Unidos que participaram do conclave para eleger o líder da Igreja Católica, Robert Francis Prevost, que ao final do processo foi escolhido como o primeiro pontífice americano na história, era o único a não carregar o rótulo de “conservador”. Com fama de construtor de pontes entre os extremos, veio com alívio a notícia de que o papa Leão XIV quer dar continuidade ao legado de Francisco apesar de vir do país de Donald Trump, com quem o falecido papa entrou em diversos embates diretos.

Ainda assim uma sombra deve pairar sobre seu pontificado, uma vez que Louis Prevost, 73, irmão mais velho do novo Bispo de Roma, parece adepto ao trumpismo. Até recentemente, qualquer um podia ler suas postagens no Facebook, que sugeriam que ele abraçou uma série de teorias da conspiração ligadas à ultradireita nos Estados Unidos. Os posts incluíam insultos grosseiros contra a democrata Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara, e seu marido, alvo de um atentado em 2022, bem como uma declaração de que os apoiadores do ex-presidente Joe Biden sofrem de uma “doença mental”.

Louis, um militar aposentado que mora na Flórida, “escondeu” as postagens de quem não é seu amigo no Facebook depois que seu irmão virou papa. Mas a imprensa americana divulgou conteúdos que obteve quando ainda tinham caráter público. A respeito de Pelosi, segundo o New York Post, ele publicou um vídeo antigo com uma legenda se referia a ela com um xingamento sexista e vulgar, além de insinuar que seu marido, Paul, era gay (mentira metralhada pela direita depois que ele foi brutalmente atacado com um martelo por um homem que invadiu sua casa em outubro de 2022).

Outra publicação de autoria de Louis Prevost, de acordo com o The Daily Beast, recomendava que a população americana “mantenha a pólvora seca”, porque há uma “guerra aqui mesmo em casa, uma guerra por nossas ruas e bairros”. Na segunda-feira, ele apareceu no talk show do YouTube do sempre polêmico jornalista britânico Piers Morgan, onde foi questionado sobre as postagens.

“Bem, eu publiquei, e não teria publicado se não acreditasse”, admitiu Louis ao apresentador, acrescentando que “provavelmente diminuiria o tom” agora que seu irmão senta no Trono de Pedro.

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Apesar disso, se descreveu para Morgan como um “tipo MAGA”, fazendo referência ao slogan de Trump, Make America Great Again. Também afirmou que o novo papa era “muito mais liberal” do que ele — embora tenha dito que não necessariamente chamaria seu irmão de “woke”, o termo disseminado pela direita, com conotação negativa, para referir-se a todo tipo de progressismo. Louis acredita, como declarou na entrevista, que Leão XIV opere “pelo caminho do meio”.

No talk show, Louis comentou que “se afastou de muita mídia” desde que começou a ser criticado por suas postagens no Facebook, acrescentando que estava ansioso para conversar com o pontífice sobre elas e descobrir se ele havia sofrido algum impacto negativo por isso.

“Mas ele sabe que eu sou quem eu sou. Ele está bem ciente das minhas posições”, afirmou. “Ele sabe que provavelmente não vou mudar. E acho que não vou, a não ser para moderar as coisas.”

Numa entrevista ao jornal americano The New York Times, ele se recordou da infância dos três irmãos (além dele e Robert, há John, de 71 anos) e disse que o mais novo era um pacificador, que preferia brincar de padre enquanto outras crianças fingiam ser cowboys ou ladrões de banco. A conversa também evidenciou certas diferenças entre as visões de mundo do novo papa e as suas: enquanto o primeiro pediu o fim da guerra Israel-Hamas em seu primeiro discurso de domingo, Louis disse que, após os ataques terroristas em 7 de outubro de 2023 contra israelenses, “eu teria arrasado Gaza e transformado em um estacionamento”.