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O drama no estilo da série ‘Succession’ que abala a família mais rica de Singapura

Pai e filho, donos de um patrimônio de US$ 17 bilhões, se desentenderam após manobra no conselho da City Developments Ltd.

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 abr 2025, 12h29

O clã Kwek, cujo patrimônio de US$ 17 bilhões (R$ 98,7 bilhões, na cotação atual) faz dessa a família mais rica de Singapura, durante anos transmitiu tranquilidade no que diz respeito a um planejamento sucessório, que havia sido cuidadosamente coreografado. Uma recente briga entre pai e filho, porém, estilhaçou a imagem cultivada até então, com paralelos inegáveis com a série da HBO Succession.

A produção sobre uma família que disputa o posto mais alto dentro do conglomerado de mídia criado pelo pai. Ao longo de quatro soberbas temporadas, o patriarca da família Roy, Logan (Brian Cox), e seus três filhos mais novos, Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin), manipulam, mentem, puxam tapetes e destroem reputações ao longo da disputa por quem ficará no comando da megacorporação de mídia Waystar Royco. A família Kwek ensaia drama semelhante.

Em jogo está o comando da City Developments Ltd., uma gigante imobiliária sediada em Singapura, proprietária de torres comerciais, shoppings e hotéis de luxo em todo o mundo — do Biltmore Mayfair, em Londres, ao Millennium Hotel Broadway Times Square, em Manhattan. Seu presidente, Kwek Leng Beng, construiu a incorporadora ao longo de décadas antes de seu filho mais velho, Sherman Kwek, assumir o cargo de CEO em 2018.

Os dois se apresentaram em harmonia em diversos eventos públicos. O plano de sucessão da família foi concretizado em 2023, com a confecção de um grande retrato tridimensional de Leng Beng, seu falecido pai e Sherman. “Três gerações de esforço árduo, 60 anos de honra e glória”, é a legenda da pintura, exposta no saguão do Republic Plaza, um arranha-céu comercial em Singapura.

Mas, nos bastidores, tensões e atritos latentes se escondiam. Pai e filho nutrem, inclusive, visões divergentes sobre a estratégia de negócios, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto entrevistadas pela agência de notícias Bloomberg e pela emissora britânica BBC. Enquanto isso, investidores se preocupam com as metas que a empresa não conseguiu atingir e previsões de lucro desanimadoras – suas ações caíram mais do que as de seus pares.

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A briga

No final de janeiro, um dia após o aniversário de 84 anos de Leng Beng, o bilionário recebeu um e-mail que abalou a confiança entre ele e Sherman: o conselho da City Developments Ltd. foi notificado da nomeação de dois novos diretores, o que surpreendeu o patriarca. A maioria do conselho aprovou as adições, apesar das objeções de Leng Beng, e removeu o presidente executivo de um comitê que analisa as indicações para cargos de gerência e diretoria.

Tudo ocorreu apesar de um acordo que teria sido firmado entre pai e filho mais cedo no mesmo mês: ambos concordaram em não alterar a composição do conselho da incorporadora, de acordo com a Bloomberg. A disputa veio à tona no final de fevereiro, quando Leng Beng acusou Sherman publicamente de orquestrar um golpe na diretoria e revelou que havia tentado demitir o filho. Ele levou o herdeiro e outros diretores à corte, na tentativa de desfazer as mudanças no conselho, e alegou que o CEO estava inapto para liderar a empresa.

Sherman, por sua vez, afirmou que nunca foi seu objetivo demitir o pai com as alterações no conselho. Segundo ele, foi algo necessário para conter a influência de Catherine Wu, consultora da unidade hoteleira da City Developments Ltd. e conselheira próxima de Leng Beng, a quem acusou de interferir nos negócios.

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Desde então, pai e filho pararam de se falar.

Então, em março, a disputa teve um desfecho quase tão abrupto quanto seu início. Wu renunciou ao cargo e, dias depois, Leng Beng desistiu do processo contra Sherman. A trégua teria ocorrido depois de pessoas próximas a ambos homens os aconselharem a não lavar a roupa suja em público.

Seja temporária ou não, a trégua “não resolve as questões mais profundas, como a forma como a empresa será administrada em meio à potencial desconfiança entre os membros do conselho e a administração”, disse Mervin Song, analista do JPMorgan, em nota a clientes. Também não aborda o problema do baixo desempenho da City Developments Ltd., disse ele.

É aguardar as cenas dos próximos capítulos.

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