Última reunião dos cardeais antes do conclave ‘cancela’ Anel do Pescador do papa; entenda
O gesto solene marca o fim de um pontificado e foi realizado hoje no Vaticano, na última congregação geral antes da escolha pelo sucessor de Francisco

O Anel do Pescador é um dos símbolos mais importantes do papado. Usado exclusivamente pelo Santo Padre, ele traz a imagem de São Pedro pescando com redes, representando a missão do pontífice como sucessor de Pedro, o “pescador de homens”. Além de seu valor simbólico, o objeto também serve para selar documentos oficiais.
O cancelamento do Anel do Pescador ocorre oficialmente após o fim de um pontificado, seja por falecimento ou renúncia. Tradicionalmente, ele é riscado com um traço em forma de cruz ou mesmo quebrado, em um gesto que indica, de maneira solene, que o papa não exerce mais sua autoridade.

Esse ato tem como finalidade marcar o término do poder do pontificado, impedir o uso indevido do objeto para selar documentos e iniciar formalmente o período chamado de Sede Vacante, ou seja, o tempo em que a Sé de Pedro está vaga e a igreja se prepara para a eleição de um novo líder.
Durante a última congregação geral antes do conclave, que ocorreu hoje pela manhã no Vaticano, esse rito foi realizado como parte das disposições finais que antecedem a escolha do novo pontífice.
Quando foi eleito em 2013, Francisco optou por um modelo mais simples de anel. Em vez do tradicional ouro maciço, escolheu uma versão de prata dourada, baseada em um modelo desenhado originalmente para o papa Paulo VI, mas nunca utilizado. Essa escolha refletiu seu estilo humilde e pastoral. Ainda assim, conserva o mesmo significado simbólico e litúrgico dos anteriores.
Última congregação geral antes do conclave
A última congregação geral antes do conclave começou nesta manhã às 9h, com um momento de oração. Estavam presentes 173 cardeais, sendo 130 eleitores, e foram feitas 26 intervenções sobre diversos temas. Entre os principais pontos discutidos, reafirmou-se a necessidade de dar continuidade às reformas do papa Francisco, como a luta contra abusos, transparência econômica, reorganização da Cúria, sinodalidade, e o compromisso com a paz e o meio ambiente.
Destacou-se a urgência de enfrentar a emergência climática como um desafio global e eclesial. Também foi abordada a necessidade de uma ação eficaz para pôr fim às guerras, com um apelo à paz e ao respeito pela dignidade humana.
A reflexão se concentrou no papel de comunhão como vocação essencial para o novo pontífice, delineando o perfil de um papa pastor, próximo às necessidades da humanidade. Também foram abordadas questões canônicas, o papel dos cardeais em relação ao pontificado, e a relação do Dia Mundial dos Pobres com o serviço evangélico.
Discutiu-se a importância das reuniões do Colégio Cardinalício, a promoção da iniciação cristã e a formação permanente como atos missionários. Também foram lembrados os mártires da fé e o compromisso com o enfrentamento das mudanças climáticas.
A congregação terminou com a leitura de uma declaração oficial pedindo um cessar-fogo em conflitos internacionais e a busca por uma paz justa e duradoura.