Número de mortos pelo ciclone Kenneth sobe para 38 em Moçambique
Outras 39 pessoas ficaram feridas e 35.000 casas foram destruídas; em combinação inédita, fenômeno atingiu o país apenas seis semanas depois do ciclone Idai
O balanço de mortos pela passagem do ciclone Kenneth no extremo norte de Moçambique subiu para 38 nesta segunda-feira, 29. Outras 39 pessoas ficaram feridas e cerca de 35.000 casas foram destruídas ou danificadas, informaram as autoridades locais.
A contagem anterior, publicada no domingo 28 pelo Instituto Moçambicano de Gestão de Emergências (INGC), havia relatado cinco mortes na província de Cabo Delgado, na fronteira com a Tanzânia.
O ciclone Kenneth atingiu a costa do país na quinta-feira 25 causando ventos que atingiram quase 300 quilômetros por hora e chuvas muito fortes, apenas seis semanas depois da passagem devastadora do ciclone Idai.
Em meados de março, o Idai atingiu o sul da nação africana, afetando principalmente a cidade de Beira, a segunda maior de Moçambique, e deixando quase 1.000 mortos. Depois, o fenômeno ainda continuou sua rota levando morte e destruição, em menor escala, para o Zimbábue e o Malawi.
Agora, com o Kenneth, o governo moçambicano estima que cerca de 160.000 pessoas estejam em risco, com a previsão de mais chuvas torrenciais para os próximos dias.
“Ajudem-nos, estamos perdendo tudo!”, gritavam os moradores da cidade de Pemba aos carros que passavam, enquanto as águas jorravam pelas frestas das casas. Mulheres e crianças com baldes e panelas lutavam contra a enxurrada, em vão.
Para as próximas 24 horas, a expectativa é de até 100 milímetros de chuva para algumas regiões, de acordo com o instituto meteorológico de Moçambique. Esta é a primeira vez que se tem notícia de dois ciclones no país na mesma temporada, o que levanta preocupações sobre as mudanças climáticas.
Desde ontem, organizações humanitárias tentam chegar às comunidades que foram duramente atingidas fora de Pemba, mas as condições climáticas os impedem. “Helicópteros não podem voar, vários voos foram cancelados e os trabalhadores humanitários não conseguem chegar aos locais afetados”, disse Nicholas Finney, líder da equipe de resposta do grupo Save the Children, à agência Associated Press.
Ele descreveu “devastação total” em um trecho de 60 quilômetros de costa e ilhas próximas de Moçambique, que enfrenta uma das taxas de pobreza mais altas do mundo.
(com AFP)