Nos 35 anos da tragédia de Chernobyl, Ucrânia diz que URSS sabia de perigo
Documentos revelam que liderança soviética encobriu ocorrências de antes do desastre de 1986
No 35º aniversário do acidente nuclear de Chernobyl, nesta segunda-feira, a Ucrânia divulgou documentos revelando que a União Soviética sabia dos perigos envolvidos e encobriu ocorrências de antes do desastre de 1986. Depois de um teste de segurança fracassado no quarto reator da usina, localizado no que era então a Ucrânia soviética, nuvens de material radioativo se espalharam por grande parte da Europa no que continua sendo o pior desastre atômico do mundo.
Em comunicado, o serviço de segurança da Ucrânia, SBU, revelou que houve um vazamento de radiação na usina em 1982. O incidente foi abafado usando o que um relatório da KGB na época chamou de medidas “para prevenir o pânico e rumores provocativos”. “Em 1983, a liderança de Moscou recebeu informações de que a usina nuclear de Chernobyl era uma das mais perigosas da União Soviética devido à falta de equipamentos de segurança”, disse o serviço de segurança.
Em outro caso revelado pela SBU, um ano após o acidente nuclear, um jornalista francês coletou amostras de água e solo da área de Chernobyl. A KGB , então, trocou as amostras verdadeiras por outras falsas em uma operação especial.
Trinta e um trabalhadores da usina e bombeiros morreram logo após o desastre de 1986, principalmente de doença aguda causada pela radiação. Outros milhares mais tarde sucumbiram a doenças relacionadas à radiação, como o câncer, embora o número total de mortes e os efeitos à saúde de longo prazo continuem sendo um assunto de intenso debate.
O governo atual em Kiev destacou a forma desajeitada como as autoridades soviéticas lidaram com o acidente e as tentativas de encobrir o desastre na sequência. A ordem de evacuação da área veio apenas 36 horas após o acidente. “O 35º aniversário da tragédia de Chernobyl é um lembrete de como a desinformação patrocinada pelo Estado, propagada pelo regime totalitário soviético, levou ao maior desastre causado pelo homem na história da humanidade”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.