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Nobel da Paz premia jornalistas por trabalho pela liberdade de expressão

A honraria foi concedida à filipina Maria Ressa e ao russo Dmitry Muratov

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 out 2021, 07h06 - Publicado em 8 out 2021, 06h17

O Prêmio Nobel da Paz de 2021 foi concedido nesta sexta-feira, 8, aos jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov. Segundo o comitê responsável, a dupla ganhou a honraria “por sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia”.

Maria Ressa, de 58 anos, é filipina e diretora executiva do Rappler, um veículo crítico ao presidente Rodrigo Duterte. Já o russo Dmitry Muratov, de 59 anos, lidera o jornal independente Novaya Gazeta. Os dois vão dividir o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 6,3 milhões de reais).

“O jornalismo livre, independente e baseado em fatos atua na proteção contra abuso de poder, mentiras e propaganda de guerra”, disse Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, ao anunciar o prêmio em Oslo. “Sem liberdade de expressão e de imprensa será difícil promover com sucesso a fraternidade entre as nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor”.

Segundo o prêmio, Ressa demonstrou ser uma defensora destemida da liberdade de expressão ao comandar a cobertura crítica na controversa e assassina campanha antidrogas do regime de Duterte. Ela foi presa em 2019 acusada por uma controversa lei local de “difamação cibernética” após a publicação de reportagens sobre notícias falsas e sonegação de impostos corporativos. “Ressa e Rappler também documentaram como as redes socais estão sendo usadas para espalhar notícias falsas, assediar adversários e manipular o discurso público”, destacou o Nobel.

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Ressa é a primeira filipina a receber um Nobel individualmente. Em 2021, ela também recebeu o Prêmio Mundial de Liberdade de Expressão da Unesco.

O Comitê afirmou que a Novaya Gazeta é “o jornal mais independente da Rússia hoje, com uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder”. Desde sua criação em 1993, o meio de comunicação publicou artigos críticos sobre temas como corrupção, violência policial, prisões ilegais e fraudes eleitorais. Pelo seu trabalho, seis repórteres do jornal foram mortos, mas apesar dos assassinatos e ameaças, o editor-chefe Muratov recusou-se a abandonar sua política independente. 

“O jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional do jornal o tornaram uma importante fonte de informação sobre aspectos censuráveis ​​da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação”, disse o prêmio sobre o veículo comandado por Muratov.

O governo do russo Vladimir Putin se pronunciou após o anúncio do prêmio, mas preferiu ignorar as críticas às suas práticas. O porta-voz de Moscou, Dmitri Peskov, afirmou que Muratov trabalha consistentemente de acordo com seus próprios ideais e que o jornalista é “corajoso e talentoso”.

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