No Uruguai, presidente destitui comandante e chefes militares
Crise começou por que o general José González ocultou que um militar da reserva admitiu um crime da ditadura militar
![Tabaré Vázquez depois de receber a faixa presidencial de José Mujica em Montevidéu](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/05/alx_2015-03-01t164605z_1818080864_gm1eb3201vk01_rtrmadp_3_uruguay-politics_original1.jpeg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O presidente Tabaré Vázquez destituiu nesta segunda-feira, 1, o comandante do Exército do Uruguai, general José González, por ter ocultado que um militar da reserva admitiu um crime da ditadura militar. González havia assumido o posto havia apenas duas semanas. Além disso, o ministro da Defesa Nacional, Jorge Menéndez, apresentou sua demissão.
A crise surgiu quando se soube que, em um Tribunal de Honra que o Exército realizou para o tenente-coronel da reserva José Gavazzo, este admitiu que em 1973 lançou ao rio o corpo de um guerrilheiro tupamaro para desaparecer com ele. Nem os integrantes do tribunal nem o comando do Exército comunicaram o caso à promotoria do país.
Vázquez também afastou outros cinco generais. Dois deles integraram o mesmo tribunal e outros três formaram parte de um tribunal que ratificou a decisão original. Segundo comunicado da presidência, Vázquez havia homologado o Tribunal de Honra sem ter lido a totalidade de suas atas e só soube da confissão de Gavazzo ao ler o informe publicado no sábado pelo jornal El Observador.
Gavazzo, condenado por 28 homicídios, é um dos símbolos máximos da repressão da ditadura militar que governou o Uruguai entre 1973 e 1985. Duas semanas atrás, o presidente já havia removido o comandante anterior do Exército, o general Guido Manini Ríos. Líder do Exército na época do Tribunal de Honra, Manini Ríos também não denunciou o caso à promotoria.