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‘Oásis da paz’, onde palestinos e judeus vivem juntos, teme pelo futuro

Guerra entre Israel e o Hamas aprofunda divisões na sociedade e desperta temor de radicalização

Por Ernesto Neves 22 nov 2023, 14h01

Criado em 1969 para reunir judeus e árabes numa mesma comunidade, Neve Shalom (Oásis da Paz, em hebraico), a 40 quilômetros de Jerusalém, vive dias sombrios.

Com 300 moradores, divididos entre judeus, árabes cristãos e árabes muçulmanos, todos eles israelenses, o vilarejo quase utópico teme o aprofundamento da crise que se instalou no país desde os atentados cometidos pelo Hamas, em 7 de outubro.

Desde então, os moradores de Neve Shalom reforçaram a segurança e o patrulhamento do entorno, para evitar atos de violência.

Isso porque a comunidade acredita que esse é o momento mais grave já enfrentado por Israel desde sua fundação, em 1948.

“Israel enfrenta uma crise existencial sem precedentes”, diz a VEJA Roi Silbeberg, da Escola da Paz, unidade educacional que reúne crianças palestinas e judias e desenvolve uma série de projetos de inclusão.

“Nunca se viu tamanha desconfiança e medo entre judeus e palestinos. É um momento gravíssimo”, prossegue.

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Silbeberg explica que os moradores contrataram uma empresa de segurança particular para patrulhar o entorno.

Além disso, os mais jovens criaram uma brigada de emergência, capaz de agir em caso de atos extremos. Também houve reforço nos bunkers.

Já a Escola da Paz tem recebido apoio do Ministério da Educação.

O medo tem sua razão de ser.

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Neve Shalom já foi atingida por ataques de judeus de extrema direita e também de palestinos que se opõem à integração dos povos.

A Escola da Paz, por exemplo, já foi alvo de dois incêndios criminosos nos últimos três anos.

Para reconstruir o que foi destruído, ONGs voltadas para a coexistência pacífica iniciaram campanhas de financiamento que já receberam contribuições de sete países.

“Temo que esta guerra, que já dura 50 dias, nos empurre para um estado fundamentalista. Pautado no medo, na paranoia e na desconfiança”, diz Silbeberg.

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“Os extremistas da política estão usando o conflito para disseminar o medo e ganhar terreno”, afirma.

Roi Silbeberg, diretor da Escola da Paz, em Neve Shalom, Israel
Roi Silbeberg, diretor da Escola da Paz, em Neve Shalom, Israel (Divulgação/Divulgação)

Desde o início, Neve Shalom enfrentou dificuldades financeiras e todo tipo de resistência e pressão da sociedade.

Por anos, a vila não recebia serviços básicos, e seus moradores precisavam caminhar até outra cidade para poder tomar banho.

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Idealistas, os pioneiros trocaram casas confortáveis por barracos de latão, sem energia elétrica, água encanada ou aquecimento.

Somente em 1994, portanto três décadas depois de sua fundação, a aldeia ganhou o reconhecimento oficial do governo, abrindo caminho para a regulamentação do fornecimento de água e eletricidade.

A aldeia também passou a ganhar reputação internacional, atraindo a visita de líderes globais como o Dalai Lama e a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Hillary Clinton.

Em 2006, o músico Roger Waters, do Pink Floyd, realizou uma apresentação no local para 50.000 pessoas.

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“Israel precisa de uma solução definitiva. E isso não vai acontecer enquanto a resposta aos problemas for militar. O povo palestino merece seu estado e viver em união, não podemos continuar a separar Gaza e a Cisjordânia”, finaliza Silbeberg.

Entrada do vilarejo de Neve Shalom, a 40 quilômetros de Jerusalém, onde 300 famílias israelenses e palestinas vivem juntas
Entrada do vilarejo de Neve Shalom, a 40 quilômetros de Jerusalém, onde 300 famílias israelenses e palestinas vivem juntas (Getty/Getty Images)
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