Netanyahu diz que Israel pode retirar tropas do Líbano se Hezbollah for desarmado
Declaração ocorre após governo libanês pedir ao exército que elaborasse um plano que prevê que só instituições estatais tenham armas até final do ano

O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira, 25, que pode retirar as tropas israelenses do sul do Líbano se o país cumprir a promessa de avançar no desarmamento da milícia local Hezbollah. O pronunciamento ocorre poucas semanas após o governo libanês pedir ao exército nacional que elaborasse um plano que prevê que, até o final do ano, apenas instituições estatais tenham armas, o que implica na desmilitarização do Hezbollah.
Em comunicado, o gabinete afirmou que se as Forças Armadas do Líbano “tomarem as medidas necessárias para implementar o desarmamento do Hezbollah, Israel adotará medidas recíprocas, incluindo uma redução gradual da presença das FDI (Forças de Defesa de Israel) em coordenação com o mecanismo de segurança liderado pelos EUA”. O texto também destacou que o governo Netanyahu “está pronto para apoiar o Líbano” e ” trabalhar em conjunto por um futuro mais seguro e estável para ambas as nações”.
Além disso, a declaração definiu a recente movimentação de Beirute rumo ao desarmamento do Hezbollah como uma “decisão importante” e “uma oportunidade crucial para o Líbano recuperar sua soberania e restaurar a autoridade de suas instituições estatais, militares e governança — livre da influência de atores não estatais”.
Os comentários do gabinete seguem uma reunião entre o principal enviado dos Estados Unidos, Tom Barrack, acompanhado pelo embaixador americano em Israel, Mike Huckabee, com o premiê e altos funcionários do governo em Jerusalém. Antes do encontro, realizado neste domingo, Barrack já havia afirmado que acreditava “que o governo libanês fez a sua parte” e “deu o primeiro passo”, acrescentando: “Agora, o que precisamos é que Israel cumpra esse aperto de mão igual”, em referência à promessa de deixar o sul do Líbano.
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Resposta do Hezbollah
O apoio da liderança do Líbano à desmilitarização do Hezbollah não foi bem recebida pela alta cúpula do grupo, aumentando o receio de um conflito civil. Naim Kassem, secretário-geral da milícia, prometeu combater os esforços de desarmamento através da força. O Hezbollah se recusa a abandonar as armas e acusa o governo nacional de atender aos interesses de Israel.
Com o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023, militantes do Hezbollah passaram a trocar tiros com as forças israelenses na fronteiras. A hostilidade atingiu o pico em setembro do ano passado, após um ataque da Inteligência de Israel ao Líbano, com a explosão de vários pagers, dando início ao pior conflito entre Israel e Hezbollah desde um confronto de três meses em 2006. Mais de três mil pessoas morreram ao longo dos 14 meses de guerra, encerrada por um cessar-fogo em novembro.
De lá para cá, o Hezbollah retirou a maioria de seus combatentes e armas da fronteira com Israel, ao sul do rio Litani. Mas o cessar-fogo deixa vago como as armas e instalações militares do grupo ao norte do rio Litani devem ser tratadas. A milícia libanesa alega que o acordo cobre apenas a área ao sul do Litani, ao passo que Israel e os EUA sustentam que o pacto determina o desarmamento total do Hezbollah no país.