Netanyahu diz que está ‘comprometido’ com plano de Trump para futuro de Gaza
Presidente dos EUA afirmou que tomaria controle da Faixa de Gaza e forçaria deslocamento de palestinos, sem que tenham o direito de retornar no futuro

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, frisou, nesta segunda-feira 17, que está “comprometido” com o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “assumir” a Faixa de Gaza. Numa série de declarações polêmicas, o republicano afirmou que os EUA tomariam o controle de Gaza e forçariam o deslocamento de palestinos, sem que tenham o direito de retornar no futuro, no que grupos de direitos humanos definiram como uma tentativa de “limpeza étnica”.
“Assim como me comprometi, no dia seguinte à guerra em Gaza, não haverá nem Hamas nem Autoridade Palestina. Estou comprometido com o plano do presidente dos EUA, Trump, para a criação de uma Gaza diferente”, disse.
A declaração ocorre em meio ao tenso cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino radical Hamas, que quase colapsou na semana passada após o Hamas anunciar que adiaria a libertação de reféns, sob ameaças de Netanyahu de que os conflitos seriam retomados no último sábado caso o acordo não fosse cumprido. A decisão pela postergação, segundo os militantes, teria sido tomada após Israel “atrasar o retorno dos (palestinos) deslocados para o norte da Faixa de Gaza e alvejá-los com bombardeios e tiros”.
Pouco depois, o Hamas voltou atrás e divulgou a lista com os três nomes dos reféns que seriam soltos no sábado. Entre eles estavam o israelense-argentino Iair Horn, 46 anos; o israelense-americano Sagui Dekel Chen, 36; e o israelense-russo Alexander (Sasha) Troufanov, 29. Eles foram sequestrados no kibutz Nir Oz, ao sul de Israel, nos ataques de 7 de outubro de 2023.
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Futuro da Faixa de Gaza
A firmeza de Netnayahu com as promessas de Trump de “assumir” o enclave palestino e transformá-lo na “Riviera do Oriente Médio” também acontece após uma reportagem da emissora árabe Sky Newa Arabia apontar que o Hamas planejava que a Autoridade Palestina (AP), da Cisjordânia, ficasse responsável pela Faixa de Gaza com o fim da guerra. Os preparativos do grupo teriam sido influenciados pelo Egito, mediador dos acordos entre Israel e Hamas.
Além da escolha pela AP, os planos incluíam a criação de um comitê temporário para supervisionar a reconstrução da Faixa de Gaza, devastada pelos bombardeios israelenses desde outubro de 2023. Iniciado em janeiro, o cessar-fogo está às vésperas de alcançar a sua segunda fase, que prevê a retirada completa das forças israelenses de Gaza, o que representaria o fim do conflito. Além disso, a próxima etapa determina que sejam formuladas uma estratégia de restauração do território palestino e a definição de um novo governo.
Trump parece ter outros planos em mente. Ele planeja deslocar os palestinos para países árabes, como Jordânia e Egito, e que os EUA permaneçam no controle de Gaza “no longo prazo”. O propósito seria levar “estabilidade” ao território e ao Oriente Médio, além de benefícios econômicos. O republicano cogita, ainda, enviar soldados americanos ao enclave, adiantando: “No que diz respeito a Gaza, faremos o que for necessário. Se for necessário, faremos isso”.