Neta de Mussolini agora se diz uma “garota de esquerda”
Em entrevista a publicação italiana, Alessandra Mussolini explica por que passou a defender causas progressistas
Conhecida na Itália por suas posições à direita, a ex-senadora Alessandra Mussolini, de 58 anos, surpreendeu seus eleitores e o país inteiro ao se definir como uma “garota de esquerda”. O sobrenome da política não é apenas mera coincidência, trata-se da neta de Benito Mussolini, fundador do Partido Fascista, primeiro-ministro de 1922 a 1943 e responsável pela participação italiana na Segunda Guerra Mundial. O que imprime ainda mais admiração diante de suas recentes declarações à versão mediterrânea da revista Vanity Fair.
Na entrevista, Alessandra confirmou seu apoio a causas progressistas, como a criminalização da homofobia e da transfobia, um projeto de lei que enfrenta a resistência de partidos conservadores e da Igreja Católica. “Para mim, a sexualidade é pessoal e até temporária”, diz ela. “Todos nós mudamos na vida: com base nas experiências, nas coisas que nos acontecem. Conversando com meus filhos, percebi que para os meninos a orientação sexual não é nem mesmo um tema: é como vestir um terno que você pode trocar e ninguém liga para como é.”
Filha do pianista Romano Mussolini e da cantora Maria Scicolone, Alessandra começou carreira como atriz e cantora, foi deputada em cinco mandatos, senadora de março de 2013 a junho de 2014 e deputada do Parlamento Europeu até 2019. Em sua carreira política, se notabilizou por posições alinhadas à extrema direita e passou inclusive por partidos de inspiração neofascista, como o extinto Movimento Social Italiano (MSI). Com esse currículo, é natural que seu eleitorado ficasse pasmado. “Que enlouqueçam”, desdenha ela. “Ser livre para se expressar significa não pensar na reação dos outros. Antes, tinha a preocupação de não decepcionar meu eleitorado, agora: um grande tchau. Depois de certa idade, é bom ser imprudente”.