‘Não perdemos a esperança’, diz a VEJA tio de bebê sequestrado pelo Hamas
O peruano Maurice Schneider faz parte de comitiva que veio ao Brasil como parte de turnê para pressão pela libertação dos reféns na Faixa de Gaza

Maurice Schneider, parente de uma família inteira sequestrada pelo Hamas, disse a VEJA nesta terça-feira, 12, que não perdeu a esperança de rever seus entes queridos, mesmo após o grupo terrorista palestino ter afirmado que ao menos três deles morreram na Faixa de Gaza devido aos bombardeios israelenses.
O peruano Maurice, que hoje mora em Nova York, nos Estados Unidos, é tio de Shiri Bibas e tio-avô do bebê Kfir Bibas, sequestrado aos 9 meses de idade, e de seu irmão Ariel, de 4 anos. O marido de Shiri, Yarden Bibas, também está em cativeiro.
As Brigadas de al-Qassam, braço armado do Hamas, afirmaram no dia 29 de novembro que o bebê, o mais novo dos 240 reféns, morreu devido aos bombardeios de Israel contra Gaza antes do início do cessar-fogo para a libertação dos cativos, bem como sua mãe e seu irmão.
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Na época, as Forças de Defesa de Israel (FDI) comunicaram que iriam verificar a informação divulgada pelo Hamas. Nenhum órgão independente confirmou a informação. Segundo Maurice, não houve nenhuma atualização por parte das autoridades desde então.
“Os únicos que podem comprovar o que realmente aconteceu são as autoridades do governo. A família Bibas não perdeu a esperança de rever Shiri, Ariel e Kfir”, afirmou Maurice a VEJA. “E sabemos, segundo as autoridades, que Yarden ainda está vivo. Não vou parar de lutar até revê-lo.”
O tio-avô de Kfir declarou que, apesar de todo o sofrimento, se viu muito mais acolhido do que esperava em meio à causa pela libertação de reféns.
“Posso ter perdido três membros da minha família, não sei. Mas ganhei centenas de amigos”, afirmou a VEJA. “O que estamos passando… Sorrio para ter mais energia. E vim ao Brasil para que nos apoiem, para que tenhamos força.”
Mais tarde, em coletiva de imprensa no Clube Hebraica, da qual VEJA fez parte com um seleto grupo de veículos, Maurice afirmou que não consegue imaginar como duas crianças passaram dois meses em túneis, onde acredita-se que o Hamas esteja mantendo os reféns, sem ver o sol.
“Nós sofremos, porque somos seres humanos. Somos vítimas de uma guerra psicológica. Tem um lado que sofre e um lado que desfruta do nosso sofrimento”, disse ele a repórteres.
Além disso, Maurice lançou críticas a organizações humanitárias, em especial à Cruz Vermelha, pela falta de iniciativa em apoiar os reféns, tendo acatado com limitações impostas pelo Hamas.
“O mais responsável agora é a Cruz vermelha. A organização não fez absolutamente nada. Os políticos às vezes prestam atenção, às vezes não, mas a Cruz Vermelha é uma organização mundial humana. Os israelenses têm direito aos seus serviços, e exigimos que o cumpram como o fazem em outros países”, disparou.