‘Não à limpeza étnica’: Rabinos e artistas judeus condenam plano de Trump para Gaza
Anúncio no jornal americano The New York Times foi assinado por 350 rabinos, além de ativistas e celebridades da comunidade judaica

Mais de 350 rabinos assinaram um anúncio no jornal americano The New York Times contra o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “assumir” a Faixa de Gaza e impor a realocação forçada de palestinos, sem que haja a possibilidade de retornarem ao enclave no futuro. Além de líderes religiosos proeminentes, o texto foi assinado por celebridades e ativistas judeus, incluindo a comediante Ilana Glazer e o ator Joaquin Phoenix.
O anúncio é suscinto e diz “Trump pediu a remoção de todos os palestinos de Gaza. O povo judeu diz não à limpeza étnica!”. Cody Edgerly, organizador da iniciativa e diretor da campanha In Our Name, afirmou que a declaração de repúdio ocorre em “um momento crítico, já que as linhas vermelhas políticas que antes eram consideradas imutáveis estão mudando rapidamente à medida que a aliança Trump-Netanyahu se firma novamente”.
“Nossa mensagem aos palestinos é que vocês não estão sozinhos, nossa atenção não vacilou e estamos comprometidos em lutar com cada fôlego que temos para impedir a limpeza étnica em Gaza”, acrescentou ele.
O rabino sênior da congregação Dorshei Tzedek em Newton, Massachusetts, Toba Spitzer, defendeu em um comunicado à imprensa após o anúncio que o apoio da comunidade judaica aos palestinos é “vital”, apelando: “Adicionemos nossas vozes a todos aqueles que se recusam a entreter esse plano insidioso. O sonho de Hitler de tornar a Alemanha ‘Judenrein’, ‘limpa de judeus’, levou ao massacre de nosso povo”
“Sabemos tão bem quanto qualquer um a violência que esse tipo de fantasia pode levar. É hora de tornar o cessar-fogo permanente, trazer todos os reféns para casa e nos unirmos aos esforços para reconstruir Gaza pelo bem e com as pessoas que vivem lá”, concluiu Spitzer.
‘Trump não é Deus’, diz rabino
O rabino Yosef Berman, do Projeto Nova Sinagoga em Washington DC, endossou o coro e disse que o republicano “parece acreditar que é Deus com autoridade para governar, possuir e dominar nosso país e o mundo”. Ele frisou que “o ensinamento judaico é claro: Trump não é Deus e não pode tirar a dignidade inerente dos palestinos ou roubar suas terras para um acordo imobiliário”, definindo o “desejo” do governo americano por uma “limpeza étnica” em Gaza como “moralmente abominável”.
Em entrevista à emissora americana Fox News, Trump rejeitou a possibilidade dos palestinos retornarem à Faixa de Gaza sob a ocupação dos EUA. Em declarações anteriores, ele propôs “assumir” o controle do enclave palestino e deslocar a população para países árabes, como Jordânia e Egito. Ele frisou que cogitava que os Estados Unidos permanecessem no controle de Gaza “no longo prazo” e que o propósito seria levar “estabilidade” ao território e ao Oriente Médio, além de benefícios econômicos.