Nações europeias se preparam para guerra em meio a ameaças de Putin
Alemanha se prepara para lançar app com lista de bunkers anti-bombas, enquanto Suécia e Finlândia publicam orientações oficiais para civis 'em caso de guerra'
Na última semana, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o conflito na Ucrânia adquiriu características de uma guerra “global”. Uma escalada nas hostilidades ficou evidente depois que a Coreia do Norte enviou soldados para auxiliar o projeto militar do Kremlin, os Estados Unidos permitiram que Kiev use mísseis americanos para atingir o território da Rússia, e Moscou revidar com o lançamento de um míssil intercontinental com capacidade nuclear. O clima, após mais de 1.000 dias de conflito, está particularmente tenso.
Em resposta, países europeus começaram a intensificar suas estratégias de defesa e até preparam civis para um possível confronto de níveis continentais. Desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, cresce o temor de que Moscou possa expandir a agressão para outros países da região, inclusive membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar que Putin acusa de ameaçar a existência da Rússia. Nesse contexto, nações como Alemanha, Suécia e Finlândia têm adotado medidas para garantir a segurança nacional.
App dos bunkers
A Alemanha, nesta segunda-feira, 25, confirmou que está elaborando uma lista com todos os bunkers e abrigos de emergência do país, que ficam em locais como estações de trem subterrâneas e estacionamentos, para conhecimento geral em caso de um possível ataque russo. O Ministério do Interior do país afirmou que vai lançar aplicativo para facilitar o acesso da população a esses locais.
O projeto de longo prazo visa aumentar a capacidade alemã de proteção civil, com um foco específico no uso dos 579 bunkers da época da II Guerra Mundial e da Guerra Fria. O governo também vai começar a incentivar a população a construir abrigos de proteção em suas próprias casas, convertendo porões e garagens em bunkers.
“Em caso de guerra”
Suécia e Finlândia, cuja adesão à Otan foi impulsionada justamente pela invasão à Ucrânia, também estão tomando medidas para preparar seus cidadãos. O governo afirmou que vai distribuir milhões de livretos, conhecidos como “Om krisen eller kriget kommer” (Se ocorrer uma crise ou guerra, em tradução livre), com orientações sobre como se proteger em cenários de guerra, como lidar com interrupções de linhas de comunicação e cortes de energia, e como sobreviver a crises prolongadas.
As instruções incluem desde o armazenamento de água e alimentos até o cultivo de produtos em casa. Esta é a quinta versão do folheto desde sua criação, no contexto da II Guerra, e está sendo distribuída para todas as cinco milhões de famílias suecas. A versão digital, segundo a Agência Sueca de Contingências Civis, já teve 55 mil downloads.
Na Finlândia, as autoridades também emitiram orientações semelhantes, aconselhando a população a guardar suprimentos e se preparar para interrupções nos serviços básicos, como energia e telecomunicações. Desde estocar garrafas de água e produtos sanitários até cultivar os próprios alimentos em casa, os folhetos dão dicas de resiliência em caso de guerra. O texto inclui ainda conselhos para pais e cuidadores, com instruções como fazer estoques de fraldas, medicamentos e comida de bebê.
No início deste ano, a Noruega e a Dinamarca – outros dois membros da aliança militar de 32 países – distribuíram orientações atualizadas sobre como seus habitantes deveriam se preparar para potenciais crises.
A Agência Sueca de Contingências Civis afirmou em comunicado em seu site: “O estado do mundo piorou drasticamente nos últimos anos. Guerras estão sendo travadas em nossa vizinhança. Eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais comuns. Ameaças terroristas, ataques cibernéticos e campanhas de desinformação estão sendo usadas para nos minar e influenciar. Para resistir a essas ameaças, devemos permanecer unidos e assumir a responsabilidade por nosso país. Se formos atacados, todos devem ajudar a defender a independência da Suécia e nossa democracia. Construímos resiliência todos os dias — juntos.”