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Na terra dos boliburgueses: a rotina dos mais ricos da Venezuela

Cotidiano dessa ínfima camada da população destoa de todo o resto e gira na moeda americana

Por Monica Weinberg, de Caracas, e Julia Braun
Atualizado em 4 jun 2024, 13h28 - Publicado em 29 out 2021, 06h00

Entre os mais ricos da Venezuela, um de cada três pegou o avião e foi levar a vida nos destinos em que noutros tempos costumavam ir só para abarrotar a mala de produtos que não achavam nas prateleiras de Caracas. A rotina dos que ficaram, uma ínfima camada da população do país, destoa de todo o resto. Para começar, seu cotidiano gira na moeda americana, enviada pelos parentes que moram fora ou porque ganham em dólar. “A desigualdade está mais marcada, já que muita gente recebe em bolívares”, diz Maria Peredas, 60 anos, sentada em uma mesinha do seletíssimo Golf Club, onde o título sai a 45 000 dólares. Como a maioria dos doutores debandou e especialistas são joia rara, uma consulta médica custa até 200 dólares. Veem-se centenas de imóveis de alto padrão esvaziados pela emigração à venda e há mansões pela metade do preço. Nem todo mundo que pode, porém, se aventura. “Depois das desapropriações por Chávez, que tomou minha casa de campo, deixei de investir em propriedades para comprar dólares, que ainda vão valorizar”, confia o engenheiro Marin Ayala.

Uma turma do topo da pirâmide vem aproveitando a recente abertura às importações para apostar em negócios que estão mudando a paisagem da ala Leste da capital, a porção mais abastada, onde se concentram belos casarões. Mas, para conseguir passe livre para empreender no mundo regido pela cartilha bolivariana, é preciso ser bem relacionado com os altos escalões, daí o apelido pelo qual são conhecidos os novos empresários: boliburgueses ou enchufados (conectados). Circulando por bairros como Las Mercedes, avistam-se concessionárias como a Makinas, onde uma Ferrari preta é a primeira da fila dos carrões vendidos apenas à vista, todos com a placa República Bolivariana da Venezuela. Um pouco mais adiante aparece o 2 Doce Market, um de dezenas de bodegones, delis repletas de itens de marcas de toda parte do globo. “Antes, encomendava essas coisas pela Amazon ou trazia de Miami”, conta Nati Guerra, 39 anos. Detalhe: um dos artigos de maior saída ali é um tapete estampado com a cédula de 100 dólares, que exibe o rosto de George Washington.

Publicado em VEJA de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762


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