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Na China, doadores de esperma precisarão ser fiéis ao Partido Comunista

Demanda por sêmen para inseminação artificial cresceu muito após eliminação de política de filho único no país

Por Da redação
6 abr 2018, 17h50

A partir de agora não basta apenas possuir boa saúde para se tornar doador de esperma na China. Um novo requisito passa a ser essencial aos possíveis interessados: é necessário declarar fidelidade aos princípios do Partido Comunista (PC) chinês. É o que diz uma campanha lançada pelo hospital da Universidade de Pequim na rede social WeChat. A universidade apagou sua postagem inicial na rede nesta sexta-feira.

O jornal independente South China Morning Post revela, entretanto, que a campanha vai ainda mais além: os doadores devem ter “qualidades políticas favoráveis” como “amar a pátria socialista e abraçar a liderança do Partido Comunista”, além de deverem “ser leais às tarefas do partido, ser dignos, respeitosos à lei e estarem livres de problemas políticos”.

Às subjetivas regras somam-se requisitos objetivos, mas não menos curiosos: só pode ser doador quem tiver mais de 20 anos e não mostrar sinais óbvios de perda de cabelo, daltonismo e problemas de peso.

Segundo o jornal, esta é mais uma mostra do ímpeto do PC da China em estender seu controle a todos os aspectos da vida dos cidadãos.

Homens que não se sintam intimidados pela lista de requisitos terão ainda que passar por duas rodadas de testes — uma que verifique a qualidade de seu sêmen e outra checagem de saúde geral e do estado físico. Aqueles que passam pelos testes recebem 200 yuans (32 dólares) imediatamente, enquanto aqueles que efetivamente realizam a doação são recompensados com 5.500 yuans (870 dólares). Apesar do requisito político, não há clareza quanto a como a lealdade política dos doadores é testada.

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Para a receber o pagamento é necessário que o voluntário realize cerca de dez doações ao longo de seis meses de forma a assegurar o fornecimento adequado para procedimentos de inseminação artificial. A demanda por esperma doado aumentou consideravelmente na China após Pequim revogar a política do filho único em 1º de janeiro de 2016

A China aprovou uma reforma legislativa que permite a todos os casais terem até dois filhos para combater o envelhecimento de sua população. Antes, essa possibilidade só existia para os casais que já vinham de casamentos de filhos únicos, camponeses e membros de minorias étnicas.

Estima-se que a política de filho único tenha evitado cerca de 400 milhões de nascimentos, causando desajustes na pirâmide demográfica da China, com envelhecimento da população e desequilíbrio entre o número de homens e mulheres.

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