MP peruano apresenta denúncia contra presidente do país por ‘Rolexgate’
Dina Boluarte é acusada de receber três relógios Rolex, brincos de ouro e uma pulseira com 94 diamantes para aumentar orçamento da cidade de Ayacucho
O procurador-geral do Peru, Juan Carlos Villena, apresentou na noite de segunda-feira 27 uma denúncia contra a presidente do país, Dina Boluarte, pelo suposto crime de suborno passivo envolvendo relógios de luxo – esquema que viralizou com o nome “Rolexgate”. Segundo o documento fiscal, a chefe de Estado recebeu três Rolex, brincos de ouro e uma pulseira de 94 diamantes em troca de emitir uma série de decretos para beneficiar o governo da cidade de Ayacucho aumentando o orçamento local.
Ao todo, cerca de oito pedidos de concessão de orçamento adicional foram admitidos pela presidência por meio de seis decretos supremos e dois de emergência. Caso o congresso avance com a acusação, Boluarte pode ser destituída do cargo.
O “Rolexgate” reacendeu o histórico de corrupção do Peru, país que já está no quinto chefe de Estado em seis anos. A operação iniciada em março trouxe um revés significativo para o cenário político do país que se encontra em grande instabilidade.
Operação surpresa
No final de março, a presidente do Peru foi pega de surpresa quando dezenas de agentes invadiram sua casa e vasculharam o Palácio do Governo à procura de uma coleção de 15 relógios de luxo que não teriam sido declarados.
A operação não encontrou três Rolex do modelo Datejust 36 e um do modelo Day-Date, mas conseguiu encontrar, guardados em uma caixa de metal, outros oito relógios de marcas badaladas como Bulova, Fossil, Michael Kors e Swarovski.
Respostas contraditórias
Desde que o caso foi descoberto, Boluarte apareceu diversas vezes com respostas cada vez mais contraditórias sobre a coleções de relógios e joias não declarados. Em uma ocasião, a presidente afirmou que todos os bens eram “fruto do seu esforço”, mas pouco depois, durante entrevista ao podcast La Encerrona, alegou que as preciosidades eram um “presente” do governador de Ayacucho, Wilfredo Oscorima, a quem considerava um grande amigo. Já em uma entrevista coletiva mais tarde, a líder peruana tentou convencer o público de que os acessórios eram meras imitações.
“Disseram que usava Cartier? Tenho aqui a pulseira de joias finas e eu a uso publicamente e de forma transparente. Eles também falaram sobre um conjunto de colar e brincos de pérolas de US$ 70 mil. Completamente falso. Estes brincos e este colar são da marca (popular) Unique. Tenho isso há oito anos”, disse ela na primeira semana de abril.
Desde então, a presidente se manteve distante da imprensa, para evitar mais confusão sobre a lista de acusações que enfrenta, que fica cada vez maior – uma investigação do jornal peruano Hildebrandt en sus trece indica que ela se ausentou do poder por duas semanas em meados de 2023 para passar por uma série de cirurgias estéticas.
O mais recente escândalo envolvendo Dina Boluarte ocorreu no início do mês, quando seu irmão, Nicanor Boluarte, e seu advogado, Mateo Castañeda, foram detidos sob acusação de tentar subornar dois agentes da polícia. Castañeda teria prometido mantê-los no comando de apoio à Equipe Especial de Promotores contra a Corrupção, programa que havia sido suspenso por realizar a batida na casa da presidente, em troca de informações valiosas que pudessem desestabilizar o procurador-geral.