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‘Morte aos árabes’: marcha em Jerusalém termina em agressões contra palestinos e jornalistas

Israelenses de extrema-direita também invadiram a sede da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA)

Por Júlia Sofia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 Maio 2025, 17h14

Milhares de israelenses participaram nesta segunda-feira, 26, da tradicional Marcha das Bandeiras, em Jerusalém, evento anual que celebra a captura da parte oriental da cidade por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. O clima, porém, rapidamente se transformou em um caos quando grupos de extrema-direita começaram a hostilizar palestinos com gritos de “morte aos árabes”, além de agredir jornalistas e até ativistas israelenses de esquerda.

Segundo testemunhas, embora a polícia estivesse presente, pouco foi feito para conter os ataques físicos e verbais. Em meio ao tumulto, colonos armados circularam pelas ruas da Cidade Velha. Relatos de testemunhas à agência de notícias Reuters indicam que uma mulher palestina e profissionais de imprensa foram alvo de cusparadas por jovens que participavam da passeata, enquanto policiais israelenses próximos ao local não intervieram para impedir os abusos.

Até o final da tarde, nenhuma prisão havia sido registrada, mesmo diante das agressões testemunhadas. Um policial presente alegou que parte dos envolvidos não poderia ser detida por ser menor de idade.

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Israelenses da ultradireita também invadiram a sede da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), no bairro de Sheikh Jarrah. O oposicionista Yair Golan, ex-vice-comandante das Forças Armadas, classificou as cenas como “chocantes” e disse que as cenas não representam o “amor por Jerusalém”, mas “ódio, racismo e intimidação”.

Mais cedo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou durante uma reunião de gabinete realizada no lado oriental da cidade o compromisso de manter Jerusalém “unida, íntegra e sob soberania israelense”.

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Acordo desafiado

Horas antes da manifestação, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, conhecido por sua retórica ultranacionalista, visitou o complexo de Al-Aqsa — local sagrado para muçulmanos, que o chamam de Esplanada das Mesquitas, e para judeus, conhecido como Monte do Templo. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Ben Gvir comemorou o aumento da presença judaica no local e afirmou que “já é possível orar no Monte do Templo”.

O ato, no entanto, violaria um acordo histórico que permite apenas visitas judaicas, mas proíbe orações, justamente para evitar o acirramento das tensões religiosas. A ação foi criticada por líderes religiosos israelenses, sob alegações de que se trata de uma minoria extremista do país. A visita também provocou reação imediata da liderança palestina e do governo da Jordânia, responsável pela administração religiosa do complexo.

“As incursões recorrentes na Esplanada e a exibição provocativa da bandeira israelense em Jerusalém ocupada colocam em risco toda a região”, declarou o porta-voz da presidência palestina, Nabil Abu Rudeineh.

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Tensões elevadas

A marcha deste ano acontece em meio à escalada de tensões da guerra entre Israel e o grupo palestino radical Hamas, iniciada em outubro de 2023. No  20º mês do conflito, operações militares israelenses se intensificaram na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, onde também há registro crescente de ataques de colonos contra moradores palestinos. Netanyahu promete tomar controle total de Gaza, de forma a expulsar à força os palestinos do enclave, e restringe a entrada de ajuda humanitária, o que levou a comunidade internacional a subir o tom com Israel.

Tradicionalmente, a Marcha das Bandeiras provoca apreensão por atravessar bairros palestinos da Cidade Velha até o Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, situado ao lado da Esplanada das Mesquitas. Em 2021, o mesmo evento desencadeou um breve conflito entre Israel e o Hamas — episódio considerado um dos estopins da atual guerra em Gaza.

Jerusalém Oriental foi capturada por Israel em 1967, mas os palestinos reivindicam a região como capital de um futuro Estado, ao lado da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. A maioria dos países e organizações internacionais considera Jerusalém Oriental um território ocupado e não reconhece a soberania israelense sobre a área.

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