Morre Madeleine Albright, primeira mulher a liderar a diplomacia dos EUA
Diplomata nascida em Praga foi rosto da política externa americana depois da Guerra Fria, defendendo expansão da Otan e redução de arsenais nucleares
Madeleine Albright, a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária de Estado dos Estados Unidos, morreu nesta quarta-feira, 23, aos 84 anos. Chefe da diplomacia americana entre 1997 e 2001, ela morreu de câncer “rodeada por entes queridos”, afirmou a família em comunicado.
Antes da eleição de Kamala Harris como vice-presidente, em 2020, Albright foi a mulher com o cargo mais alto do governo dos EUA, ao lado de Hillary Clinton, secretária de Estado de Barack Obama, e Condoleezza Rice, secretária de Estado de George W. Bush.
“Perdemos uma mãe amorosa, uma avó, uma irmã, uma tia e uma amiga”, disse a família em comunicado. Ela teve três filhas com o magnata da imprensa americano Joseph Albright, de quem se divorciou, embora tenha mantido seu sobrenome.
Em nota, o ex-presidente Clinton definiu a diplomata como “uma incrível embaixadora, uma brilhante professora, e um ser humano extraordinário”.
“Como ela sabia em primeira mão que as decisões políticas dos EUA tinham o poder de fazer a diferença na vida de pessoas ao redor do mundo, ela via seus trabalhos tanto como obrigação quanto oportunidade”, escreveu Clinton. “Até em nossa última conversa, há duas semanas, ela nunca perdeu o senso de humor e a determinação, apoiando a Ucrânia em sua luta para preservar a liberdade e democracia”.
Albright nasceu Marie Jana Korbelova em 1937 na Praga pré-Segunda Guerra Mundial e, pouco depois, seu pai, diplomata e acadêmico, decidiu que toda a família se exilaria em Londres. Terminada a guerra, retornaram ao seu país de origem apenas para voltar a fugir logo depois com a chegada do comunismo.
Em 1948, aos 11 anos, Albright foi para os Estados Unidos e, depois de estudar nas prestigiadas universidades de Wellesley e Columbia, chegou à primeira linha da política americana.
Albright trabalhou para o senador democrata Edmund Muskie e para Zbigniew Brzezinski, assessor de Segurança Nacional durante a Presidência de Jimmy Carter (1977-1981), e mais tarde tornou-se professora na prestigiada Universidade de Georgetown, em Washington.
Com a chegada de Bill Clinton à Casa Branca (1993-2001), Albright foi nomeada embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, cargo que ocupou entre 1993 e 1997, para depois estrear como a primeira mulher a chefiar o Departamento de Estado.
Albright se transformou no rosto da diplomacia americana após a Guerra Fria e, como secretária de Estado, defendeu a expansão da Otan e a necessidade de intervir na guerra dos Balcãs, ao mesmo tempo em que advogou pela redução dos arsenais de armas nucleares.
Até sua morte, a ex-secretária de Estado seguia sendo professora na Universidade de Georgetown e presidia o Albright Stonebridge Group, um poderoso grupo de consultoria que ela fundou e onde membros do governo do atual presidente Joe Biden trabalharam.