Morre Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru condenado por crimes contra a humanidade
Político foi sentenciado a 25 anos de prisão por corrupção e como mandante dos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992)
O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori morreu nesta quarta-feira, 11, aos 86 anos. A informação foi confirmada por sua filha Keiko Fujimori nas redes sociais. “Depois de uma longa batalha contra o câncer, nosso pai Alberto Fujimori acaba de ir ao encontro do Senhor”, escreveu Keiko. “Pedimos a quem o quis bem que nos acompanhe em uma oração pelo descanso eterno da sua alma. Muito obrigado pai! Keiko, Hiro, Sachie e Kenji Fujimori.”
Fujimori foi presidente do Peru entre 1990 e 2000. Dois anos depois de sua posse, aliado às Forças Armadas, deu um “autogolpe” de Estado: dissolveu o Congresso e fechou o Poder Judiciário. O período de dez anos no poder é considerado como de exceção dado o desrespeito às instituições democráticas e a perseguição a seus opositores e à imprensa.
Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por corrupção e como mandante dos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), onde morreram 25 pessoas. Além disso, foi considerado culpado pelos sequestros de um empresário e um jornalista. Os delitos foram considerados crimes contra a humanidade.
Os casos pelos quais Fujimori foi condenado estão relacionados com a truculência de seu regime. O massacre de La Cantuta diz respeito ao sequestro e desaparecimento de nove estudantes e um professor da Universidade Nacional de Educação Enrique Guzmán y Valle por forças do Exército em 1992. Os militares responsabilizavam o grupo pela explosão de um carro-bomba em Lima, o que foi posteriormente descartado pela Justiça peruana.
O massacre de Barrios Altos ocorreu um ano antes, também em Lima. Militares do Exército invadiram uma residência em um momento de festa e mataram 15 pessoas, entre as quais um menino de oito anos de idade. Quatro pessoas ficaram feridas. Os soldados alegaram que as vítimas faziam parte do Sendero Luminoso, fato que a Justiça comprovou ser falso.
Fujimori também é lembrado por suas políticas radicais, como a esterilização de indígenas sem a autorização deles e pela exibição pública dos líderes guerrilheiros presos em jaulas.
Em dezembro passado, Fujimori foi libertado da prisão após conseguir um perdão por causas humanitárias em função de sua idade avançada e problemas de saúde. Em julho, Keiko Fujimori chegou a dizer que ele planejava voltar a se candidatar à presidência do Peru em 2026.