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Quem é Claudia Sheinbaum, primeira mulher eleita presidente do México

Ex-prefeita da Cidade do México e herdeira política do controverso AMLO obteve entre 58% e 60% dos votos, diz projeção oficial

Por Da Redação
Atualizado em 3 jun 2024, 13h53 - Publicado em 3 jun 2024, 08h34

Claudia Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México e herdeira política do controverso líder mexicano, Andrés Manuel López Obrador (ou AMLO), tornou-se nesta segunda-feira, 3, a primeira mulher a ser eleita presidente do México. Segundo contagem preliminar do instituto eleitoral INE, a política de 61 anos obteve entre 58,3% e 60,7% dos votos no pleito de domingo 2, o maior apoio conquistado por um candidato presidencial no país desde o fim do regime de partido único, em 2000. No Brasil, o interesse por saber mais informações sobre Sheinbaum tem crescido: são mais de 20.000 pesquisas no Google Trends.

Sua vitória é um grande passo para o México, país conhecido pela cultura machista e lar da segunda maior população católica do mundo, que prega valores e papéis mais tradicionais para as mulheres. A mudança já estava traçada, já que a corrida eleitoral estava entre ela e a candidata da oposição, Xochitl Galvez, que admitiu sua derrota depois de obter apenas entre 26,6% e 28,6% dos votos, de acordo com o INE.

“Fizemos história”, disse Sheinbaum diante de uma multidão de apoiadores na manhã desta segunda-feira na Praça Zócalo, no coração da Cidade do México. No discurso de vitória, ela agradeceu AMLO, chamando-o de “um homem excepcional e único que transformou o México para melhor”.

Durante o mandato de seis anos, o atual presidente duplicou o salário mínimo e reduziu a pobreza e o desemprego, enquanto o peso se fortaleceu – sucessos que o tornaram extremamente popular e ajudaram a levar Sheinbaum à vitória. Mas analistas preveem que ela pode ter dificuldades em seguir seus passos.

Quem é Claudia Sheinbaum?

Antes de entrar na política, a nova presidente mexicana era acadêmica. Formou-se em física pela Unam (uma das universidades mais prestigiadas do país), fez pós-graduação em engenharia ambiental e pós-doutorado na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Ela também participou do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas (IPCC), que ganhou um Prêmio Nobel da Paz, em 2007.

Quando era jovem estudante, Sheinbaum se enveredou pelo ativismo político e foi uma das organizadoras de uma greve contra o aumento de mensalidades das universidades, em 1987. Para ela, estava no sangue. Os pais eram esquerdistas e participaram das manifestações de 1968 no México, contra o autoritarismo e os gastos públicos com “elefantes brancos” para a realização dos Jogos Olímpicos na Cidade do México (o movimento culminou com o massacre de cerca de 300 pessoas em uma praça, poucas semanas antes de começar a competição).

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Na política, Sheinbaum começou como secretária de Meio Ambiente da capital mexicana. Na época, o prefeito era AMLO, que fundara o partido Morena. Ela acompanhou os passos do chefe e, depois de comandar um distrito da Cidade do México, se tornou prefeita.

Durante sua gestão da capital, entre 2018 e 2023, aconteceram a pandemia de covid-19 e a queda de uma linha do metrô. Ao lidar com o acidente, Sheinbaum fez um acordo com a empresa construtora, que pertence ao magnata Carlos Slim: as vítimas receberam indenização e o caso não foi levado à Justiça.

Desafios pela frente

Durante a campanha, Sheinbaum prometeu expandir as políticas de bem-estar do governo AMLO, uma tarefa complicada diante do alto déficit orçamentário e do baixo crescimento econômico que herdou.  Ela também terá que lidar com a escassez de eletricidade e água no país, além de decidir o que fazer com a Pemex, a gigante petrolífera estatal que viu a produção diminuir nas últimas duas décadas e está afogada em dívidas.

Mesmo assim, deve gozar de amplo apoio no Congresso: segundo o INE, seu partido, o Morena, e aliados podem obter maioria absoluta em ambas as casas legislativas.

Um dos projetos defendidos por Sheinbaum é uma reforma do sistema judiciário. Seu partido quer que ministros da Suprema Corte, juízes, desembargadores e os ministros da Justiça Eleitoral sejam escolhidos por voto direto. Por esse projeto, todas as pessoas que estão atualmente no cargo serão obrigadas a renunciar – controversa, a medida exige apoio de dois terços da Câmara dos Deputados e dois terços do Senado.

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A nova presidente, que também é cientista climática ganhadora do Prêmio Nobel, prometeu ainda melhorar a segurança do país, mas deu poucos detalhes sobre seus planos. As eleições, que foram as mais violentas da história do México, com 38 candidatos assassinados, reforçaram o tamanho do problema.

Durante o governo de AMLO, o crime organizado expandiu-se e narcotraficantes aprofundaram sua influência na política e na economia. Mais pessoas foram assassinadas – acima de 185.000 – durante o mandato de Obrador do que durante qualquer outra administração na história moderna do México, embora a taxa de homicídios tenha apontado tendência de baixa.

Entre os desafios da nova presidente estão as tensas negociações com a Casa Branca sobre os enormes fluxos de imigrantes que atravessam a fronteira do México com destino aos Estados Unidos, bem como sobre a cooperação na área de segurança para coibir o tráfico de drogas na divisa em meio a uma epidemia de opioides em território americano. O cenário pode ficar ainda mais complexo se o ex-presidente americano Donald Trump retornar ao Salão Oval com as eleições no país, marcadas para 5 de novembro. O candidato republicano já prometeu “a maior deportação da história dos Estados Unidos”, além da mobilização de forças especiais para combater cartéis e a imposição de tarifas de 100% sobre carros chineses fabricados no México.

“Fantoche” de AMLO

O espectro de López Obrador pairou sobre toda a campanha de Sheinbaum, com o atual presidente tentando transformar a votação num referendo sobre a sua agenda política. Ela rejeitou as acusações da oposição de que seria uma “fantoche” de AMLO, embora tenha prometido dar continuidade a muitas de suas iniciativas, em especial aquelas voltadas aos mais pobres e à classe trabalhadora.

Há uma expectativa de que, com o tempo, ela se torne mais independente do padrinho político. Sua gestão como prefeita da Cidade do México, capital do país, foi muito elogiada pela eficiência e pragmatismo. Além disso, analistas avaliam que a desconfiança em relação à autonomia de Sheinbaum pode estar ancorada no machismo.

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