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Mercosul se reúne no Uruguai sob expectativa de acordo com União Europeia

Parceria tem encontrado resistência da França, que receia que importações agrícolas vindas da América do Sul impactem negativamente setor na Europa

Por Da Redação
Atualizado em 4 dez 2024, 16h59 - Publicado em 4 dez 2024, 15h09

Os países do Mercosul, principal bloco econômico sul-americano, se reunirão em Montevidéu, capital do Uruguai, nesta quinta-feira, 5, em meio às expectativas de que o grupo anuncie a assinatura do aguardado, e há muito prolongado, acordo comercial com a União Europeia (UE). As negociações, que já duram quase 25 anos, têm encontrado forte resistência da França, que receia que as importações agrícolas vindas da América do Sul impactem negativamente o setor na Europa.

Negociadores do Mercosul e da UE participaram de encontros na semana passada, no Brasil, para arquitetar que ambas as delegações estejam na capital uruguaia para a cúpula do bloco, que se estende até o dia 6. As discussões teriam continuado nos últimos dias, de maneira virtual, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters. Há expectativa de que Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE, também aterrisse em Montevidéu para participar das reuniões.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “Von der Leyen tem o mandato de fazer esse acordo”, acrescentando que ele pretende “assiná-lo este ano”. Na última manifestação brasileira sobre o assunto, o secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, Mauricio Lyrio, disse, na segunda-feira, 2, que “a última rodada de negociações terminou com avanços importantes”.

“Estamos esperançosos. Questões pendentes estão sendo submetidas aos líderes para serem finalizadas”, afirmou Lyrio.

+ Lula recebe no Palácio do Planalto o presidente eleito do Uruguai

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Oposição francesa

As ressalvas francesas são criticadas pelos membros do bloco sul-americano (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai), todos grandes produtores de soja e carne bovina, como forma de protecionismo europeu. O grupo abrange 73% do território da América do Sul, o que representa cerca de 65% da população da região, e viabiliza intensas trocas comerciais. Dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE) indicam que “de janeiro a outubro de 2024, o intercâmbio entre os países do Mercosul foi de 32,5 bilhões de reais”.

Para embarreirar o acordo, é necessário que ao menos três países da UE que representem mais de 35% da população formem uma minoria. Até o momento, a França é apoiada pela Polônia. Em contrapartida, há uma coalizão de 11 Estados-membros do bloco europeu a favor do acordo, sob liderança da Alemanha e Espanha, que prega a formação de novas rotas comerciais para reduzir a dependência da China e desviar das tarifas prometidas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano toma posse em 20 de janeiro. 

+ Os pontos que travam a ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia

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Estreia argentina

Espera-se que a cúpula em solo uruguaio marque a estreia do presidente da Argentina, Javier Milei, em eventos do Mercosul. Em campanha, o economista ultraconservador ameaçou deixar o grupo caso fosse eleito, o que não saiu do papel. Sem perspectiva de abandonar o bloco, Milei deseja torná-lo mais flexível.

A assinatura do acordo Mercosul-UE representaria um “banho de água fria” para qualquer plano do líder argentino de deixar o Mercosul, disse o assessor de política externa uruguaio Ignacio Bartesaghi à Reuters. Ele explicou que o tratado fortalece o “argumento para manter o grupo unido, ganha tempo e acalma Milei”. Um potencial fracasso, contudo, pode levar o político de extrema direita a aumentar o tom das bravatas. 

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