Mercados acalmam na Argentina depois de conversa Macri-Fernández
Banco Central colabora com estabilização do mercado cambial ao exigir que instituições privadas vendam mais dólares
Os mercados amanheceram nesta quinta-feira, 15, em relativa calma na Argentina, depois do contato no dia anterior entre o presidente Mauricio Macri, candidato à reeleição, e seu principal adversário, o kirchnerista Alberto Fernández. Parte da calmaria, porém, também se deve à resolução do Banco Central argentino para forçar as instituições financeiras privadas a colocar mais dólares de seus depósitos compulsórios à venda
A moeda americana, que havia sido cotada a 63 pesos na quarta-feira 14, recuou a 60 pesos, em uma indicação de que o mercado cambial começava a se estabilizar, segundo o jornal El Cronista. A taxa de risco-país, que mede a percepção sobre a capacidade do governo de honrar os títulos emitidos, recuou para 1.780 pontos na manhã desta quinta-feira. No dia anterior, estava próxima da “barreira” de 2.000 pontos.
Os títulos argentinos negociados em Nova York já registravam recuperação de valor de 17%. As ações das principais empresas do país negociadas na Bolsa de Valores de Nova York registravam melhora de 23%, depois de terem caído 70% na segunda-feira 12, após o anúncio do resultado das primárias eleitorais do país.
Depois de dois dias seguidos de turbulência, a calmaria foi atribuída à conversa por telefone entre Macri e de Fernandéz. Segundo o presidente argentino, seu adversário teria se comprometido “a colaborar em tudo que seja possível para que o processo eleitoral e a incerteza que ele gera afetem o mínimo possível a economia argentina”.
Horas depois, o próprio candidato da Frente de Todos declarou que não poderia avalizar a política econômica de Macri. Mas que, em sua agenda, estão afastados os riscos de calote da dívida argentina e de rompimento de contratos.
A tensão nos mercados foi causada pelo resultado das primárias, que indicaram a tendência de vitória em primeiro turno de Fernández, que tem como candidata a vice a ex-presidente argentina Cristina Kirchner. Governante entre 2007 e 2015, Kirchner é tida como a responsável pela política econômica que levou a Argentina à recessão e à escalada da inflação. O país deve registrar neste ano queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% e taxa anual de inflação próxima a 50%.
O programa econômico da Frente de Todos não traz detalhes sobre como será o controle inflacionário em uma possível gestão Fernández-Kirchner, mas menciona a renegociação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que aportou 56 milhões de dólares em ajuda financeira à Argentina em 2018.