Megaenchente no Sudão destrói represa, inunda aldeias e mata 30 pessoas
Ao menos 200 desapareceram após incidente; mais 118 mil pessoas foram deslocadas por tempestades intensas neste ano, segundo agências da ONU
Uma represa próxima ao Mar Vermelho, no Sudão, rompeu-se nesta segunda-feira, 26, após meses de fortes tempestades, inundando comunidades vizinhas e causando um número ainda incerto de mortos e feridos. De acordo com autoridades locais, as chuvas torrenciais que atingiram a região no domingo 25 sobrecarregaram a barragem de Arbaat, que cedeu, destruindo pelo menos 20 vilarejos e resultando em pelo menos 30 mortes confirmadas. No entanto, o Escritório da ONU de Assistência Humanitária (Ocha) alertou que o número real de vítimas pode ser significativamente maior.
Autoridades sudanesas relatam que cerca de 200 pessoas permanecem desaparecidas após a represa romper. As enchentes atingiram cerca de 50 mil pessoas, mas o número pode ser maior, já que a área a leste da infraestrutura permanece inacessível, segundo a ONU. “A área está irreconhecível”, disse Omar Eissa Haroun, chefe da autoridade hídrica do estado do Mar Vermelho. “A eletricidade e os canos de água estão destruídos.”
Guerra civil
A barragem de Arbaat, localizada 40 km ao norte de Porto Sudão, a capital estadual, era a principal fonte de água para a cidade, lar do principal porto e aeroporto da nação. É por lá que entra a maior parte das entregas de ajuda humanitária, essenciais no país já fragilizado por uma guerra civil entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, iniciada em 2023.
Desde o início da estação chuvosa, 132 pessoas morreram e mais de 118 mil foram deslocadas, segundo dados da ONU. Autoridades relataram que a represa começou a ruir com o acúmulo de lodo durante dias de chuvas pesadas, que chegaram mais cedo do que o normal. Algumas pessoas fugiram de suas casas inundadas e buscaram refúgio nas montanhas, onde agora estão isoladas, de acordo com o Ministério da Saúde.
A infraestrutura do Sudão, incluindo represas, estradas e pontes, já estava em estado precário antes do início do conflito. Desde então, ambos os lados canalizaram a maior parte de seus recursos para o combate, deixando estruturas básicas gravemente negligenciadas.