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Manifestantes pedem fim de consumo de carne de cachorro em Seul

Organizações de proteção animal calculam que cerca de um milhão de cachorros são sacrificados ao ano para consumo no país

Por EFE
17 jul 2018, 18h51

Com bichos de pelúcia e filhotes nos braços, grupos de manifestantes ocuparam o centro de Seul nesta terça-feira (17) para pedir a proibição do consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul, onde esse costume milenar tem cada vez menos adeptos.

A data escolhida não é casual. Em 2018, 17 de julho é o primeiro dos chamados “sambok”, os três dias mais quentes do ano, e nos quais a crença popular incentiva o consumo da carne de cachorro. A carne é servida como parte do “bosintang”, uma sopa para revitalizar e aumentar a libido.

Nesses três dias de verão, é consumida mais da metade da carne de cachorro usada anualmente na Coreia do Sul. As organizações de proteção animal calculam que cerca de um milhão de cachorros são sacrificados ao ano para o consumo.

A associação CARE aproveitou a data para organizar um protesto na praça localizada em frente à câmara municipal. Foram colocados 2018 cachorros de pelúcia no local, como meio de incentivar a população a adotar os animais, que costumam viver aprisionados em fazendas de criação, e de conscientizá-la sobre essa “indústria cruel”.

Cada uma das pelúcias (chamadas “Toris” em homenagem a Tori, o cachorro que o presidente sul-coreano Moon Jae-in adotou de um albergue ao chegar ao poder em 2017) poderá ser adotada simbolicamente.

“O dinheiro será usado para resgatar um cachorro de um criadouro (uma quantia é destinada ao dono da exploração) e depois o animal buscará um novo lar”, contou Cho Kyung-joo, uma das integrantes da CARE.

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A organização acaba de resgatar 200 cães de um criadouro de Namyanju (ao leste de Seul) que decidiu fechar as portas. essa é uma tendência aparentemente em alta, diante da progressiva diminuição do consumo desse tipo de carne, quase inexistente entre pessoas com até 30 anos, principalmente mulheres.

Os milhares de restaurantes de “gaegogi” (carne de cachorro) na Coreia do Sul atendem a uma clientela eminentemente masculina, mas que está começando a desaparecer.

Por causa de um processo apresentado pela CARE, em junho um tribunal de Bucheon, ao sul de Seul, emitiu uma sentença que considerava “ilegal sacrificar cães para comercializar sua carne”.

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Trata-se de um veredicto que muitos consideram pioneiro e que pode abrir a porta para a abolição de um setor que opera em um vazio legislativo. Devido à fragilidade da lei, os criadouros sequer são submetidos a controles de higiene, embora os restaurantes sejam inspecionados.

“É um grande passo na campanha para proibir o comércio de carne de cachorro”, comentou, satisfeita, Cho, que lembrou que a CARE apresentará nos próximos dias uma petição à Assembleia Nacional (Parlamento) para ilegalizar o sacrifício de cães destinados ao consumo.

Muito mais impactante foi a mobilização realizada pela associação Animal Liberation Wave (ALW) a um quilômetro da câmara municipal, na emblemática praça de Gwanghwamun.

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O grupo exibiu fotos da aglomeração nos criadouros e dos métodos usados para o sacrifício (é comum a eletrocussão, embora os animais também sejam enforcados ou mortos a pancadas), além dos corpos de 11 filhotes que eram destinados ao consumo, mas que morreram de maneira prematura.

“Queremos que as pessoas vejam que não são apenas fotos, que são animais reais que sofreram”, contou Lee Ji-ien, cofundadora da ALW.

Recentemente, a organização encomendou uma pesquisa que parece estar em linha com outros dados e que aponta para um país que se afasta da cultura de comer cão, no qual mais de 20% dos lares tem pelo menos um de estimação, segundo dados do Ministério de Agricultura.

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O levantamento mostra que apenas 18% dos sul-coreanos comeram carne de cachorro no último ano, quase a mesma percentagem que se mostra favorável a permitir o comércio dessa carne.

“A nossa campanha é direcionada ao governo, que manteve silêncio durante décadas, permitindo o vazio na lei na qual opera a indústria. O governo é o responsável pela morte prematura desses 11 filhotes”, argumentou Lee.

A ativista considera que o governo precisa começar a criar programas e subvenções para ajudar os criadores a abandonarem a prática e destinarem suas instalações a outras atividades econômicas.

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