Manifestantes entram em confronto com polícia em Hong Kong
Ato ocorre em protesto contra comerciantes chineses; capital financeira vive crise política há um mês com manifestações a favor de mais autonomia
Manifestantes em Hong Kong entraram em confronto com a polícia neste sábado, 13, em uma cidade perto da fronteira com a China continental, onde milhares protestaram contra a presença de comerciantes chineses. O protesto foi o mais recente de uma série que atormentou o centro financeiro internacional dando origem a sua pior crise política desde sua transferência em 1997 para a China.
A manifestação na cidade territorial de Hong Kong, Sheung Shui, não muito longe da cidade chinesa de Shenzhen, começou pacificamente, mas se transformou em conflitos e gritos. Os manifestantes jogaram guarda-chuvas e capacetes contra a polícia, que revidou com cassetetes e disparando spray de pimenta. No final do dia, a polícia de Hong Kong pediu que os manifestantes se abstenham de violência e deixem a área.
Os manifestantes se posicionaram contra os pequenos comerciantes chineses, que fazem viagens curtas ao território para comprar mercadorias e depois voltam à China para revende-las. Em mandarim, a língua oficial da China, eles gritavam para os comerciantes chineses irem para casa. Muitas lojas de rua foram fechadas durante a marcha.
Os comerciantes têm sido fonte de raiva entre moradores de Hong Kong. Segundo eles, essa prática dos vendedores tem alimentado a inflação, pressionado os preços dos imóveis, evitado impostos e diluído a identidade de Sheung Shui. “Nossa encantadora cidade tornou-se um caos”, disse Ryan Lai, 50 anos, morador de Sheung Shui, onde os chamados “comerciantes paralelos” compram grandes quantidades de produtos isentos de impostos para serem levados para a China continental e vendidos.
Entenda o caso
Os protestos de rua em Hong Kong já atraíram milhões de pessoas, levando a uma grande crise política. O ápice foi em 1º de julho, quando centenas de manifestantes invadiram o Legislativo para se opor a um projeto de lei que autorizava a extradição de suspeitos para serem julgados na China. O texto foi retirado da pauta, mas isso foi considerado insuficiente, com as manifestações continuando. O movimento cresceu para reivindicar reformas democráticas e denunciar suposta degradação das liberdades no território semiautônomo.
Apesar dos protestos contra o projeto de lei terem ocorrido em grande parte no principal distrito comercial de Hong Kong, os manifestantes começaram a procurar outros lugares para ampliar seu apoio.
Hong Kong foi historicamente um colônia britânica. Quando o Reino Unido devolveu o território semiautônomo à China há 22 anos, os líderes comunistas chineses prometeram à cidade um alto grau de autonomia por 50 anos. Mas muitos dizem que a China aumentou progressivamente o controle, colocando as liberdades de Hong Kong sob ameaça através de uma série de medidas, como a lei de extradição.
(Com Reuters)