Macron vai à Polônia discutir segurança europeia na era Trump, de olho na Ucrânia
Países discutem possibilidade de uma força de manutenção da paz internacional na Ucrânia em eventual cessar-fogo com a Rússia; premiê polonês é contra
Durante uma visita do presidente da França, Emmanuel Macron, à Polônia, o primeiro-ministro do país, Donald Tusk, afirmou nesta quinta-feira, 12, que não planeja enviar soldados à Ucrânia, em resposta a especulações sobre uma possível presença de forças ocidentais no território ucraniano no caso um acordo de trégua com a Rússia. Um pacto do tipo começou a ser aventado diante da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro – o republicano, contrário ao financiamento da resistência de Kiev, prometeu acabar com a guerra “em 24 horas” e já pediu um “cessar-fogo imediato”.
“Para cortar a especulação sobre a potencial presença deste ou daquele país na Ucrânia depois de um acordo de cessar-fogo: as decisões sobre a Polônia serão tomadas em Varsóvia e apenas em Varsóvia”, disse Tusk. “Por enquanto, não planejamos tais ações.”
O ministro da Defesa polonês, Władyslaw Kosiniak-Kamysz, classificou a possibilidade como “fora de questão” no momento.
Força de manutenção da paz
A declaração de Tusk ocorreu durante um encontro com Macron, que está em Varsóvia para discutir a possibilidade de uma força de manutenção da paz internacional ser estabelecida na Ucrânia após o fim da guerra com a Rússia.
Paris apresentou uma proposta para enviar uma missão de manutenção da paz, composta por até 40 mil soldados de diferentes países, à Ucrânia para garantir o cumprimento de um possível cessar-fogo, de acordo com o jornal polonês Rzeczpospolita.
Macron, por sua vez, enfatizou que cabe a Kiev decidir os termos de um acordo de paz com a Rússia. “Ninguém pode decidir pelos os ucranianos as concessões a serem feitas, os pontos a serem levantados. Mas não haverá segurança na Europa sem os europeus”.
Espectro Trump
As negociações em Varsóvia coincidiram com reuniões entre ministros das Finanças e das Relações Exteriores da França, Alemanha e Polônia, realizadas tanto na capital polonesa quanto em Berlim.
As conversas entre os países analisam o fortalecimento do apoio financeiro e militar à Ucrânia no curto prazo e exploram maneiras de ampliar o financiamento da defesa europeia, inclusive por meio da dívida comum. O contexto é, mais uma vez, a Presidência de Trump: durante a campanha, ele afirmou que os Estados Unidos não deveriam arcar com os custos da segurança da Europa por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e sugeriu que os países que desejam proteção americana deveriam pagar por isso.