Macron apresenta plano de €30 bilhões para ‘reindustrializar’ França
Projeto tem metas de descarbonização e pretende alavancar inovação e produção em áreas-chave, de automóveis e biomedicina a semicondutores

O presidente Emmanuel Macron apresentou nesta terça-feira, 12, um projeto para a França ser líder em hidrogênio verde até 2030 e construir aviões de baixa emissão de carbono, carros elétricos híbridos e pequenos reatores nucleares. O investimento planejado é de 30 bilhões de euros.
“Precisamos travar a batalha da inovação e da industrialização ao mesmo tempo”, disse Macron, em reunião de líderes e jovens empresários.
Chamado de “França 2030”, o projeto pretende descarbonizar as indústrias francesas, e trazer inovação e produção ao país até o final da década em áreas-chave, de automóveis e biomedicina a semicondutores.
Assim como em outros países, a recuperação econômica depois dos picos da pandemia tem sido afetada com força pela escassez de matérias primas, como semicondutores. O crescimento previsto para este ano na França é de 5,5%, o que arrasta a superação do rombo pandêmico para meados do ano que vem.
Além dos 30 bilhões de euros em novos investimentos públicos, alguns dos quais já estarão incluídos no orçamento de 2022, o banco de investimento público francês Bpifrance vai investir 4 bilhões de euros em empresas iniciantes e inovadoras.
O presidente também voltou em uma promessa de construir uma “nação startup”, na qual pretende dar um papel fundamental às pequenas empresas na construção do futuro industrial do país ao lado de gigantes corporativos já consolidados.
O plano também possui metas de investimento na televisão francesa, com produção de séries, para tentar desbancar empresas internacionais, como a Netflix.
Apesar de ainda não ter lançado oficialmente sua candidatura à reeleição no ano que vem, as medidas foram vistas com fins eleitoreiros por parte da oposição, que criticou o plano de longo prazo. Afetado negativamente pela pandemia, o presidente tenta melhorar sua imagem e pesquisas indicam melhorias: em setembro, subiu seis pontos e está com 46% de opiniões positivas.
No primeiro turno da eleição presidencial, em 10 de abril do ano que vem, Macron aparece com 26% e Marine Le Pen, da extrema-direita, com 21%. No segundo, a previsão é de que todas as forças se unam na rejeição a Marine e repitam a vitória de 2017.
No âmbito da pandemia, Macron disse que o surto de Covid-19 “nos colocou frente a frente com nossas vulnerabilidades”, citando a falta de máscaras no país durante os primeiros casos da doença e a incapacidade das farmacêuticas francesas produzirem vacinas. A partir disso, ele focou na necessidade de o país expandir inovação e produção industrial.
“Há dezoito meses, enfrentávamos a falta de máscaras faciais, ninguém jamais pensou que a França pudesse ter máscaras faciais”, disse.
Segundo o mandatário, a França deve investir pesado em pesquisa médica e ter como objetivo desenvolver pelo menos 20 medicamentos biotecnológicos para tratamento de algumas doenças, como câncer.