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Macri visita Bolsonaro de olho na melhoria da economia brasileira

Candidato à reeleição, argentino foi principal ausência na posse do brasileiro; Venezuela e Mercosul consumirão boa parte da reunião, em Brasília

Por Denise Chrispim Marin 14 jan 2019, 20h28

Principal ausência na posse de Jair Bolsonaro, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, promete fazer uma visita encorpada a seu colega brasileiro nesta quarta-feira, 16, em Brasília. Macri trará sua expectativa de aprofundar a parceria econômico-comercial entre os dois países e alinhar posições sobre questões regionais, como o destino da Venezuela.

O presidente argentino trará consigo cinco ministros: de Relações Exteriores, Jorge Faurie; da Defesa, Oscar Aguad; da Fazenda, Nicolas Dujovne; da Produção, Dante Sica, além do secretário de Assuntos Estratégicos, Fulvio Pompeo. Apesar de ambos já terem conversado por telefone, a ausência do argentino foi sentida no círculo bolsonarista nas cerimônias do dia 1º em Brasília. Macri passara as últimas semanas com a família na Patagônia.

“É provável que a relação se concentre no comercial porque, na área política, as diferenças entre o ultraconservador Bolsonaro e o liberal Macri são enormes”, avaliou o analista internacional Bruno Binetti, do Diálogo Interamericano, de Washington.

A luta contra o narcotráfico e outros temas vinculados à segurança estarão presentes na reunião bilateral. Mas a situação na Venezuela, com a posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato, na semana passada, deverá tomar parte das conversas na área política. Membros do Grupo de Lima, que pressiona a Venezuela a se redemocratizar, Brasil e Argentina consideram “ilegítimo” o novo governo de Maduro. Mas não adotaram sanções nem romperam relações diplomáticas com Caracas.

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A evolução econômica dos dois países neste ano e o destino do Mercosul certamente consumirão boa parte das conversas. Com expectativa de mais um ano em recessão, a Argentina enfrenta em 2019 eleições presidenciais, nas quais Macri já se lançou candidato à reeleição.

Com taxa de inflação elevada e sem recuos, como eram esperados, a Argentina pretende garantir ao menos um resultado mais favorável no seu balanço de pagamentos. Nesse item, pesa o atual déficit no comércio com seu terceiro maior parceiro, o Brasil, na sua balança comercial.

O crescimento da economia brasileira, mesmo a modesta expansão de 2,5% prevista para 2019,será favorável para os exportadores de autopeças, veículos, vinhos e outros produtos argentinos. A crise no Brasil derrubou os embarques de bens da Argentina de 76 bilhões de dólares, em 2013, para 58,4 bilhões, em 2018.

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“Se o Brasil efetivamente crescer, ajudará a economia argentina”, afirmou Welber Barral, consultor da Barral M Jorge e ex-secretário de Comércio Exterior (Secex).

Alguns economistas, porém, temem que a abertura comercial professada pelo governo de Bolsonaro traga impacto negativo para as empresas argentinas. “A Argentina tem tudo a perder. Não apenas com um Mercosul debilitado, mesmo se o acordo não for flexibilizado, se o Brasil adotar uma maior abertura comercial as empresas argentinas serão castigadas por uma concorrência feroz de outros países, particularmente os asiáticos”, alertou a economista Paula Español, da Radar Consultora.

Fôlego

Boa parte da relação econômico-comercial Brasil-Argentina passa pelo Mercosul, que perdeu fôlego na última década e se tornou alvo de declarações desencontradas da equipe de Bolsonaro. Ambos os países têm interesse especial na conclusão do acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia e em uma série de negociações já iniciadas ou a ponto de começar – com o Canadá, Japão e Coreia do Sul.

Em novembro, após vencer as eleições, a atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina, alertara que “ou o Brasil tenta fortalecer o Mercosul e dizer o que quer ou então ele sai, num caso extremo”. “Mas não deve continuar como está. É desvantajoso para nós”, afirmou ela.

O ministro da Fazenda, Paulo Guedes, declarou que o Mercosul não será prioridade. Mas o chanceler Ernesto Araújo, um estudioso e autor de dois livros sobre o bloco, defende seu reforço e aprofundamento.

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“Para além da retórica de Bolsonaro e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, não há margem para que o Brasil saia do Mercosul de um dia para o outro: há muitos milhões de dólares e indústrias inteiras em jogo”, afirmou Binetti.

Como afirma o embaixador José Botafogo Gonçalvez, ex-ministro de Indústria e Comércio Exterior, um saldo comercial positivo de 7 bilhões de dólares, como o registrado pelo Brasil no comércio com a Argentina no ano passado, será sempre prioritário. Ainda mais quando os embarques brasileiros são, em grande parte, de manufaturas.

“Fala-se muita bobagem sobre o Mercosul. A união aduaneira, que muitos querem flexibilizar ou acabar de vez, criou um mercado reservado para os produtos industriais brasileiros, que ingressam na Argentina com preferência tarifária”, declarou a VEJA.

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Para o veterano negociador do Mercosul, o bloco pode e deve ser aperfeiçoado, com uma nova visão sobre suas importações. “Há necessidade de se definir suas prioridades”, insistiu.

Segundo Barral, será muito provável algumas mudanças na Tarifa Externa Comum (TEC), do Mercosul, para acomodar as necessidades brasileiras de aumento de investimentos e de competitividade. Uma delas será a redução gradual,bens de informática e telecomunicações.

(Com AFP)

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