Macri, ao lado de Bolsonaro: ‘ditadura venezuelana zomba da democracia’
Argentino diz que Nicolás Maduro quer 'se perpetuar no poder com eleições fictícias'; brasileiro celebra relação 'sem viés ideológico' com vizinho
Em visita oficial ao presidente Jair Bolsonaro, o argentino Mauricio Macri reforçou nesta quarta-feira, 16, suas críticas ao governo venezuelano, que qualificou como uma “zombaria à democracia”. O presidente da Argentina disse que Nicolás Maduro é um ditador que “busca se perpetuar no poder com eleições fictícias, prendendo opositores”.
As declarações contrárias ao regime da Venezuela foram um ponto comum certo entre Macri e Bolsonaro, cuja agenda essencial está concentrada no Mercosul – tópico sobre o qual as coincidências não tendem a ser tão óbvias. O argentino foi a ausência mais notada na posse do presidente brasileiro, em 1º de janeiro.
Argentina e Brasil, como membros do Grupo de Lima, já declararam “ilegítimo” este terceiro mandato de Maduro, assumido no último dia 10, e consideraram a Assembleia Nacional – eleita em 2017 e destituída de seus poderes pela Corte Suprema, sob orientação do presidente venezuelano – como a única instituição legítima do país.
Mais contido, o próprio Bolsonaro reconheceu que a cooperação na questão da Venezuela é a parte mais clara na conversa entre os governos brasileiro e argentino. A relação entre os dois países vizinhos, insistiu, segue “o caminho da liberdade, segurança e desenvolvimento” de forma estratégica, “sem viés ideológico”.
Contrariando declarações anteriores de sua equipe, Bolsonaro reafirmou a necessidade de aperfeiçoar o Mercosul. Sinalizou que, ao contrário de reduzir o bloco a uma área de livre-comércio, manterá a união aduaneira e acentuará o seu foco em negociações de acordos com outros países. Macri concordou sobre a “importância de modernizar o Mercosul” para aproveitar “as oportunidades que o mundo oferece”.
Ambos os presidentes reforçaram o desejo de “conclusão rápida” do acordo do Mercosul com a União Europeia, atualmente travado nas questões mais sensíveis para os dois lados. O bloco sul-americano se prepara para negociar com o Canadá, a Coreia do Sul e o Japão.
“No plano interno, o bloco precisa valorizar sua tradição original. Abertura comercial, redução de barreiras e eliminação de burocracias”, explicou Bolsonaro. “O propósito é construir um Mercosul enxuto, que continue a fazer sentido e ter relevância”, completou.
Macri desembarcou nesta quarta-feira em Brasília acompanhado de seus ministros das Relações Exteriores, da Produção, da Defesa, da Fazenda, da Segurança e Justiça e dos Direitos Humanos.
(Com EFE e AFP)