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Lula pede perdão à Argentina por Bolsonaro: ‘Relação está retomada’

Lula e um líder regional, disse Fernández, comparando Bolsonaro a Macri na Argentina e criticando 'forças fascistas'

Por Caio Saad, de Buenos Aires, e Amanda Péchy
Atualizado em 23 jan 2023, 13h51 - Publicado em 23 jan 2023, 13h44

Após um encontro entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o líder argentino, Alberto Fernández, na Casa Rosada, os dois fizeram um pronunciamento nesta segunda-feira, 23, sobre novas cooperações entre os países vizinhos, e renovaram votos de aliança. “No Brasil, passou [Jair] Bolsonaro. Na Argentina, passou [Maurício] Macri. Temos desafios muito parecidos”, disse Fernández.

“Vamos criar um vínculo muito mais profundo do que tínhamos e que vai durar por muitas décadas”, afirmou o presidente argentino. “Lula e um líder regional e um grande estadista”, completou, descrevendo o que observou do brasileiro durante os primeiros dois mandatos no combate à pobreza e como representava a América Latina perante o mundo.

Fernández, após comparar Bolsonaro a Macri, declarou que a Argentina “sempre estará” ao lado do Brasil para enfrentar “os que ponham em perigo as instituições democráticas brasileiras”.

“Não vamos permitir que nenhum fascista de aposse da soberania popular”, disse ele. “Acreditamos que a América latina e uma zona de paz e trabalhamos nesse sentido.”

Ele acrescentou: “Querido Lula, a casa é sua. Nos encontramos em tempos difíceis, mas você tem um amigo incondicional em mim. E você tem milhões de amigos e amigas na Argentina. Te valorizamos.”

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O líder argentino disse ainda que, durante a reunião a portas fechadas, os dois conversaram sobre potencializar e incrementar o Mercosul, bem como ressuscitar a UNASUL. Para ambos, é possível trabalhar pela interconexão elétrica e enérgica “que melhore a vida de nossos povos”.

Já o brasileiro começou sua fala dizendo que a prioridade do dia não são os mais de sete acordos de cooperações assinados, que incluem um memorando de entendimento dos Ministérios de Ciência e Tecnologia de cooperação científica em ciência oceânica. Para ele, a prioridade é o restabelecimento de relações do Brasil com a Argentina e a América Latina, de forma simbólica, após quatro anos de afastamento do governo Bolsonaro.

“Historicamente, o Brasil ficava de costas para a América do sul e de frente para a Europa”, afirmou Lula. “Hoje estou aqui para dizer ao presidente da Argentina, aos ministros argentinos; e dizer a imprensa argentina e brasileira, que hoje é a retomada de uma relação que nunca deveria ter sido trocada.”

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Lula declarou “estar de volta” para fazer bons acordos com a Argentina, para “compartilhar a construção daquilo que falta ser construído”.

“Peço desculpas ao povo argentino por todas as grosserias que o último presidente do Brasil, que eu digo ser um genocida por falta de responsabilidade com a pandemia, por todas as ofensas que disse ao companheiro Fernández”, afirmou.

Ele brincou, ainda, que, pela primeira vez, torceu para a Argentina ser campeã do mundo na Copa, porque achava que “Lionel Messi não poderia terminar a carreira sem ser campeão do mundo”. Mas com ressalva: “Agora já foi, tá bom. Chega!”

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