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Lula diz na ONU que uso da força virou regra e pede diplomacia na Ucrânia e em Gaza

Na abertura dos discursos da Assembleia Geral, presidente criticou ação israelense em Gaza e afirmou que conflito se expande 'perigosamente' para o Líbano

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 set 2024, 15h55 - Publicado em 24 set 2024, 11h14

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 24, em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, que o uso da força “sem amparo” virou regra no mundo. Ele citou o conflito entre Rússia e Ucrânia, criticou a ofensiva israelense em Gaza e disse que a guerra se expande “perigosamente” para o Líbano, afirmando que já havia passado da hora de a diplomacia entrar em ação.

“Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de virar generalizados. A Ucrânia não tem perspectiva de paz mais de dois anos após a invasão da Rússia, que o Brasil condenou de maneira firme”, disse ele. “Já está claro que ambas as partes não vão conseguir alcançar todos os seus objetivos por via militar. Precisamos criar condições para retomar um processo de diálogo e o fim das hostilidades”, defendeu.

Lula também criticou a escalada de hostilidades no Oriente Médio, afirmando que o conflito em Gaza agora se expande “perigosamente” para o Líbano.

“O que começou como uma ação de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou-se uma punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa se tornou em direito de vingança, que impede um acordo para liberação de reféns e adia o cessar-fogo”, declarou o mandatário.

Ele destacou ainda que o ano de 2023 registrou o recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, afirmando que os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo. “Mais de 90 bilhões de dólares foram usados com arsenais nucleares. Recursos que poderiam ter sido usados para combater a fome, mas o que se vê é o aumento das capacidades bélicas”, criticou.

Segundo ele, o número de pessoas que dependem de ajuda humanitária para sobreviver subiu para 300 milhões.

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Mudanças climáticas

Lula afirmou que, em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras, mas alertou que seria impossível “desplanetizar” a vida em comum, em especial quando se fala em mudanças climáticas.

“O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos”, disse ele.

O petista mencionou os incêndios e a estiagem no Brasil ao descrever eventos climáticos extremos de 2024, que pode se tornar o ano mais quente da história. Após meses de seca, boa parte do país entrou em chamas em agosto, dobrando a área atingida desde o início do ano. Segundo dados do Monitor do Fogo da plataforma MapBiomas, no último mês a área queimada no país foi de 56.516 km².

“O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais”, disse ele.

Democracia

O presidente afirmou que a América Latina vive, desde 2014, uma segunda década perdida. “Esta combinação de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade resulta em efeitos nefastos na paisagem política”, descreveu, citando que isso está relacionado ao surgimento de “figuras messiânicas com interesses reacionários”, o que resulta em dificuldade de entendimento regional e divisões que atentam contra a integração latino-americana.

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“Brasileiros e brasileiras continuarão a derrotar interesses reacionários”, disse Lula, sem mencionar nomes especificamente.

O petista disse ainda que tampouco há esperança em experiências ultraliberais ao defender um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que não se intimida com “plataformas digitais que se julgam acima da lei” – em aparente recado ao X, após a suspensão da rede social no Brasil em razão do não cumprimento de normas locais.

Reforma da ONU

No fim do discurso, Lula voltou a criticar a “paralisia da ONU como um foro mundial” e afirmou que reformas na organização são necessárias para revitalizar seu poder e promover a paz em conflitos. Mudanças na governança da entidade, sobretudo no Conselho de Segurança, são uma de suas principais bandeiras da política externa, desde o primeiro mandato presidencial.

Para o petista, a exclusão da América Latina e da África do Conselho de Segurança é um eco de “práticas inaceitáveis do passado colonial”. O órgão, que tem poder de aplicar sanções e até mesmo ordenar intervenções militares, é composto por 15 membros, dos quais apenas 5 têm assentos permanentes e poder de veto: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido.

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