Lula acusa Netanyahu de ignorar ONU e volta a falar em ‘genocídio’ palestino
Petista compara premiê israelense a Putin por tornar-se alvo de mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, ligado às Nações Unidas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 25, que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ignora ordens e diretrizes das Nações Unidas e convocou a comunidade internacional a ampliar esforços para interromper o que ele chamou de “genocídio” na Faixa de Gaza. As declarações foram feitas a jornalistas às margens da Assembleia-Geral da ONU.
“Netanyahu foi julgado pelo mesmo tribunal internacional que julgou (o presidente russo, Vladimir) Putin e está condenado da mesma forma. Já foram feitas várias discussões no Conselho de Segurança da ONU. Várias tentativas de paz foram aprovadas, e (Netanyahu) não cumpre. Por isso estamos nessa briga para fortalecer a ONU”, afirmou Lula na coletiva em Nova York, referindo-se ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, que é ligado às Nações Unidas.
“Os países que dão sustentação ao discurso de Netanyahu precisam fazer um esforço maior para que genocídio pare”, completou.
Em maio, o procurador do TPI, Karim Khan, solicitou mandados de prisão para Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, bem como para três líderes do Hamas – Yahya Sinwar, Ismail Haniyeh e Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, mais conhecido como Mohammed Deif – por crimes de guerra e contra a humanidade relacionados aos ataques de 7 de outubro de 2023 e à guerra em Gaza.
O pedido, no entanto, ainda precisa ser aprovado pelos juízes da corte em Haia, e não há um prazo definido para a apreciação. O cenário é diferente do de Putin, cujo processo já foi apreciado por todos os magistrados. No ano passado, o TPI emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, acusando-o de ser o responsável por crimes de guerra cometidos na Ucrânia, mais especificamente pela deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia.
“Genocídio palestino”
Em fevereiro, Israel declarou Lula persona non grata devido a uma fala em que acusou o Exército israelense de conduzir um genocídio em Gaza e comparar suas ações ao Holocausto contra os judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler. Na época, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, emitiu um comunicado em que caracterizou a declaração do petista como “antissemita”.
“Não esqueceremos nem perdoaremos. É um ataque antissemita grave. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel – diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”, afirmou Katz.
Lula fez a polêmica declaração durante entrevistas a jornalistas na Etiópia, onde cumpria compromissos oficiais às margens da cúpula da União Africana. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente brasileiro.