Linha direta EUA-Rússia, criada após crise dos mísseis cubanos, cai em desuso
Kremlin diz que conexão telefônica e por vídeo entre presidentes está inativa neste momento de tensão, após Biden autorizar Kiev a usar mísseis contra Moscou
Em meio ao aumento das tensões entre Moscou e Washington, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta quarta-feira, 20, que a linha telefônica direta entre a Rússia e os Estados Unidos não está em uso atualmente.
Depois da crise dos mísseis de Cuba, momento em que o mundo chegou mais perto de uma guerra nuclear, uma linha direta especial de comunicação entre os dois países foi criada em 1963 para evitar a escalada de hostilidades.
“Temos uma linha segura especial para comunicação entre os dois presidentes, da Rússia e dos Estados Unidos. Também para comunicação por vídeo”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência de notícias estadual TASS.
No entanto, quando questionado se este canal está em uso atualmente, Peskov disse: “Não”.
Tensão entre EUA e Rússia
O clima de tensão entre os países aumentou após o presidente americano, Joe Biden, autorizar no domingo 17 as forças ucranianas a usarem mísseis ATACMS, doados pelos Estados Unidos, para atacar o território da Rússia — um pedido de longa data do líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Em resposta, Moscou colocou em vigor uma nova doutrina nuclear, que reduziu os limites para um ataque atômico após agressões ao território russo.
A mudança no posicionamento do Kremlin sobre ataques nucleares foi precedida por frequentes advertências do presidente russo, Vladimir Putin, contra a permissão de que a Ucrânia use armamentos de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para atingir o território russo. Segundo ele, dar esse passo levaria a um agravamento do conflito, pois significaria que os países ocidentais estão em guerra direta contra a Rússia.