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Líderes religiosos levantam-se contra o ‘frenesi anti-muçulmano’

Eles denunciam o 'escárnio, a desinformação e o preconceito' em relação aos muçulmanos americanos

Por The New York times
8 set 2010, 15h39

Líderes cristãos, judeus e muçulmanos realizaram uma reunião “de emergência” na terça-feira para denunciar o que chamaram de “escárnio, desinformação e total preconceito” contra os muçulmanos americanos em relação à controvérsia sobre a proposta de construção de uma mesquita e um centro comunitário perto do Marco Zero.

“Esta não é a América”, disse o cardeal Theodore McCarrick, arcebispo emérito de Washington, ao lado de três dezenas de sacerdotes e líderes religiosos, em entrevista coletiva no National Press Club. “A América não foi construída sobre o ódio.”

Eles disseram que estavam alarmados com o “frenesi anti-muçulmano”, que poderia não apenas para dividir o país, mas prejudicar a reputação dos Estados Unidos como modelo de liberdade e diversidade religiosa.

O encontro ocorreu em meio à crescente preocupação da Casa Branca, do Departamento de Estado e do alto comando militar americano no Afeganistão sobre os planos de Terry Jones, o pastor de uma pequena igreja em Gainesville, na Flórida, de queimar exemplares do Corão durante o aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

O general David Petraeus advertiu, do Afeganistão, na terça-feira, que as imagens de americanos queimando o Corão “sem dúvida serão usadas por extremistas afegãos – e de todo o mundo – para inflamar a opinião pública e incitar a violência”, colocando em risco as vidas dos soldados americanos.

O porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley chamou o plano de Jones de “anti-americano”. Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, afirmou que qualquer atividade “que coloque nossas tropas em perigo será uma preocupação para este governo”.

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Vários membros do clero em Washington e na Flórida disseram que foram realizados esforços para dissuadir Jones a participar do evento, mas que parecia pouco provável que ele cedesse.

Os líderes religiosos em Washington afirmaram em sua declaração: “Estamos consternados pela falta de respeito a um texto sagrado que durante séculos deu forma a muitas das grandes culturas de nosso mundo”.

Eventos ecumênicos não são incomuns, mas este foi extraordinário pela urgência e paixão expressada pelos participantes. Alguns dos líderes religiosos se encontram na mesma tarde com o procurador geral Eric Holder Jr. para instá-lo a processar os crimes de ódio religioso de forma agressiva.

O rabino David Saperestein, diretor do Religious Action Center of Reform Judaism, afirmou: “Nós sabemos como e quando as pessoas nos atacam física e verbalmente enquanto outros permanecem em silêncio. Isso não pode acontecer aqui nos Estados Unidos em 2010”.

Os membros do clero disseram que os responsáveis pelo clima envenenado inclui políticos manipulando a questão em ano eleitoral, os auto-intitulados “especialistas” sobre o Islã que denigrem a fé por razões políticas e religiosas e alguns pastores evangélicos conservadores.

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O reverendo Richard Cizik, presidente da Nova Igreja Evangélica Parceria para o Bem Comum, afirmou: “Para aqueles que querem exercer o escárnio, a intolerância, a rejeição aberta aos nossos colegas americanos de uma fé diferente, eu digo ‘cubram-se de vergonha’. Como evangélico eu digo para aqueles que fazem isso, ‘você traz desonra para quem ama Jesus Cristo'”.

O encontro começou com dirigentes da Sociedade Islâmica dos Estados Unidos, um grupo que reúne mesquitas e grupos muçulmanos, que contataram líderes judaicos e cristãos que conhecem diversos projetos ecumênicos.

Um padre católico, Mark Massa, diretor-executivo de assuntos ecumênicos e inter-religiosos da Conferência dos Bispos americanos, escreveu o primeiro esboço da declaração. Cerca de três dezenas de religiosos que representam judeus, muçulmanos, protestantes, católicos, evangélicos e cristãos ortodoxos discutiram o texto durante o encontro.

Eles não tomaram posição sobre o apoio à mesquita e ao centro comunitário que deve ser construído perto do Marco Zero em Manhattan. “As pessoas de consciência adotaram posições diferentes sobre a conveniência da localização deste projeto, ainda que o direito legal de construi-lo pareça irrefutável”, disseram.

No entanto, alguns grupos na reunião, como o Conselho Nacional de Igrejas, que representa 100 mil igrejas, saíram em apoio da mesquita perto de onde ficava o World Trade Center, disse o reverendo Michael Kinnamon, secretário-geral do conselho.

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