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Líderes europeus fazem cúpula sob sombra de ameaças de Trump à Otan

Reunião em Budapeste vai se debruçar sobre uma geopolítica permeada pelo trumpismo, com os EUA mais protecionistas e isolacionistas

Por Da Redação 7 nov 2024, 12h59

Um dia depois de Donald Trump ser consagrado como presidente eleito dos Estados Unidos, dezenas de líderes europeus se reuniram para uma cúpula em Budapeste, capital húngara, nesta quinta-feira 7, onde se debruçarão sobre as possíveis consequências do novo governo americana para o continente. Ao longo da campanha, o republicano fez ameaças desde uma guerra comercial com a Europa até a retirada de seu país da Otan, que seria acompanhada ao fim do apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia.

A série de conflitos geopolíticos “está colocando a paz, a estabilidade e a prosperidade em risco em nossa região”, disse a carta-convite da cúpula aos líderes da Comunidade Política Europeia, que une quase 50 nações em todo o continente, exceto Rússia e Belarus.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já conhece os perigos de um governo trumpista. Durante a gestão de 2017-2020, a Casa Branca aplicou tarifas sobre aço e alumínio da União Europeia, com base na alegação de que produtos estrangeiros, mesmo os produzidos por aliados americanos, representam uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

Na época, europeus e outros aliados retaliaram com impostos sobre motocicletas, uísque, manteiga de amendoim e jeans feitos em solo americano, entre outros itens. Agora, Trump promete impor uma tarifa universal de 10% a todos os produtos importados, abrindo a possibilidade de retaliação em cadeia e dificultando o comércio global.

Otan e guerra na Ucrânia

Fora a economia, o impacto do resultado da eleição americana poderá ser sentido em questões como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, bem como imigração ou mudanças climáticas.

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Entre os líderes que foram a Budapeste está o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que deve fazer outro apelo por mais ajuda militar enquanto seu país se defende da invasão de Moscou. O momento é carregado de significado, pois Trump prometeu acabar com a guerra “dentro de 24 horas” após ser eleito.

Os líderes em Kiev interpretam a fala como uma iminente evaporação do apoio dos Estados Unidos, que sob o republicano podem suspender os aportes de armas e dinheiro e se contentarem com um fim da guerra que envolva a concessão do 20% de território ocupado pelos russos a Vladimir Putin.

Além de não reconhecer nenhum mérito na ajuda americana à Ucrânia, afirmou num comício deste ano ter dito a um país aliado que, se os parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não pusessem mais dinheiro na aliança, deixaria a Rússia “fazer com eles o que bem entendesse”.

Diante da ameaça Trump, líderes europeus correm para tentar blindar a Otan, essa aliança agonizante herdada da Guerra Fria que ressuscitou como pilar da resistência ucraniana. Neste ano, pela primeira vez em décadas, os países europeus que integram a Otan gastarão em conjunto 2% de seu PIB — 380 bilhões de dólares — revigorando suas Forças Armadas. Além disso, traçam planos para reduzir o papel dos Estados Unidos na dissuasão nuclear, assumindo eles mesmos o poderio bélico convencional — infantaria, armamentos, logística e artilharia.

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Clube dos populistas

Já para as forças populistas e de extrema direita dentro da União Europeia, que já conseguiram adentrar no establishment político, a eleição de Trump dá uma injeção de adrenalina no braço.

Para o anfitrião da cúpula e fã fervoroso de Trump, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, a quarta-feira foi um dia de celebração. “Vejo uma vitória brilhante, talvez o maior retorno e luta gigante na história política ocidental. Para o mundo, significa a esperança pela paz”, disse ele.

O líder populista da Sérvia Aleksandar Vučić, outro convidado da cúpula, ficou igualmente entusiasmado.

“A Sérvia está comprometida com a cooperação com os EUA em estabilidade, prosperidade e paz”, disse Vučić.

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