Líder militar dos EUA diz que míssil chinês deu ‘volta ao mundo’
Em entrevista, vice-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA alertou que Pequim pode já estar perto de ter capacidade de lançar ataque nuclear

Um míssil hipersônico testado pela China neste ano “deu a volta ao mundo”, disse o segundo general mais sênior dos Estados Unidos em uma entrevista divulgada na última terça-feira, 16, dando detalhes sobre o processo e alertando que a China já estar perto de ter capacidade de lançar um ataque nuclear surpresa contra solo americano.
“Eles lançaram um míssil de longo alcance”, disse o general John Hyten, segundo no comando do Pentágono e vice-presidente do Estado-Maior Conjunto, à CBS News. “Deu a volta ao mundo, foi solto de um veículo planador hipersônico que planou de volta à China, que impactou um alvo na China”.
Perguntado se o míssil atingiu o alvo, Hyten respondeu que chegou “perto o suficiente”.

No final de agosto, uma reportagem do Financial Times revelou que Pequim conduziu dois testes de armas hipersônicas, um em julho e outro em agosto.
Segundo informações divulgadas pelo jornal, o planador hipersônico carregava uma ogiva nuclear e foi lançado por um foguete do tipo Long Marche, desenvolvido pelos chineses. Esse míssil teria circulado a Terra em órbita baixa antes de aterrissar novamente em direção a um alvo. Na descida, porém, ele teria errado seu destino em 38 quilômetros.
As informações foram negadas pela China. De acordo com o governo do presidente Xi Jinping, o teste foi feito com foguetes reutilizáveis, que poderiam reduzir o custo de lançamentos de espaçonaves no futuro.
Conforme a China desenvolve sua própria versão de mísseis hipersônicos, o Pentágono também vem dando prioridade às armas do tipo. O Pentágono chegou a testar um míssil hipersônico no mies passado, mas sem sucesso, e afirma que pretende entregar a tecnologia já nesta década.
A fala do militar se dá poucas semanas após a publicação de um relatório no qual o Pentágono afirma que Pequim está ampliando seu arsenal nuclear e pode ter mil ogivas nucleares até o fim da década. A estimativa, parte de um relatório da Defesa americana publicado no início de novembro, tem como base a rápida modernização das opções bélicas chinesas e a construção incessante de silos para mísseis.
“Por que estão construindo toda essa capacidade?”, disse Hyten na entrevista, que descreveu as capacidades militares chinesas como “colossais”.
O número também representa um salto considerável, dado que em relatório similar do ano passado o governo americano estimativa que a China iria dobrar seu arsenal dentro de uma década. Segundo dados do Stockholm International Peace Research Institute publicados em julho, a China possui cerca de 350 ogivas nucleares. Estados Unidos e Rússia possuem 5.550 e 6.255, respectivamente.