Líder da ultradireita chilena cobra Brasil por coalizão contra Venezuela
'Se Maduro não deixar o poder pela via eleitoral, ele precisa sair por pressão internacional', diz Antonio Kast em fórum com Bolsonaro em SC
José Antonio Kast, líder do Partido Republicano do Chile, afirmou neste sábado, 6, durante a CPAC, fórum conservador intimamente ligado à família Bolsonaro cuja edição deste ano ocorre em Santa Catarina, que o Brasil precisa fazer parte de uma coalizão internacional para pressionar Nicolás Maduro, líder da Venezuela, a deixar o poder.
O político chileno de extrema direita relembrou que a Venezuela terá eleições no dia 28 de julho, e disse que, caso Maduro não deixe o poder após o processo democrático, a comunidade internacional precisará se unir contra a “narcoditadura venezuelana”.
“Se Maduro não deixar o poder pela via eleitoral, ele precisa sair por pressão internacional”, declarou Kast.
“As Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA) devem deixar de ser mecanismos ornamentais, que fecham os olhos para a ditadura da Venezuela, como governos de esquerda”, completou, sem mencionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista é criticado tanto pela direita quanto pela esquerda por relativizar os abusos do regime venezuelano, que ele já qualificou de “narrativa”, embora tenha subido o tom com Maduro conforme se aproximam as eleições no país vizinho.
Kast criticou abertamente, porém, seu rival político, o presidente do Chile, Gabriel Boric, esquerdista de 36 anos por quem foi derrotado no pleito de 2021.
“O Chile vive com medo. O narcotráfico e o crime organizado avançam sem controle, como acontece em todos os países governados pela esquerda”, disparou. “Precisamos de uma mudança radical na liderança no nosso país. A esquerda radical não entende que a segurança é um direito fundamental. Sem segurança, não há liberdade.”
Como exemplos para a América Latina, Kast citou o projeto de combate à criminalidade do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, e Javier Milei, quem ele elogiou por estar “recuperando o progresso e a ordem na Argentina”.
Bukele ganhou popularidade por reduzir, em poucos anos, o número de assassinatos no país famoso pela insegurança e pelas gangues a quase zero – embora com o alto custo da deterioração de instituições democráticas como o devido processo legal dos tribunais, devido a centenas de prisões sem julgamentos, e da expansão dos poderes do Executivo, pelo estado de exceção já prorrogado quase vinte vezes. Grupos de direitos também denunciam detenções de inocentes e torturas nas “megaprisões”.
O político chileno, por fim, chamou o deputado Eduardo Bolsonaro, filho 03 do ex-presidente, de “líder do movimento conservador na América Latina”, embora o posto pareça ser cobiçado e construído por Milei. Sua posse presidencial em dezembro passado transformou Buenos Aires no epicentro da extrema direita global, e sua presença na CPAC, prevista para domingo, 7, atraiu cerca de 3 mil pessoas ao evento em Balneário Camboriú.