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Lei marcial: polícia sul-coreana faz buscas no escritório do presidente

Em meio às investigações sobre 'insurreição', autoridades dizem que o ex-ministro da defesa de Yoon Suk Yeol tentou cometer suicídio após ser detido

Por Da Redação 11 dez 2024, 08h53

A polícia da Coreia do Sul invadiu o escritório do presidente do país, Yoon Suk Yeol, nesta quarta-feira, 11, para fazer buscas relacionadas a uma investigação sobre seu papel na declaração de lei marcial na semana passada. A medida radical, logo revertida por uma votação na Assembleia Nacional, mergulhou a quarta maior economia da Ásia em crise e causou alarme entre aliados.

A agência de notícias sul-coreana Yonhap informou que as agências de segurança buscam entender se as ações de Yoon, apoiadas por outras figuras importantes em sua administração, equivalem a uma insurreição – um crime que não está sujeito à imunidade presidencial e pode levar à pena de morte.

Uma unidade de investigação especial confirmou que havia invadido o escritório presidencial e outras agências. Depois, porém, descobriu-se que os seguranças de Yoon impediram os policiais de entrarem no prédio principal. Um porta-voz da polícia afirmou que os agentes, por enquanto, só “tiveram acesso ao seu escritório de serviço civil”.

Ex-ministro da Defesa

Em paralelo às buscas, autoridades afirmaram que o ex-ministro da Defesa de Yoon, Kim Yong-hyun, tentou cometer suicídio em um centro de detenção em Seul, onde está desde domingo 8.

Kim, que foi formalmente preso na última quarta-feira por alegações de que ele desempenhou papel fundamental numa rebelião e de abuso de poder, está em uma condição estável, segundo Shin Yong-hae, o comissário geral do Serviço Correcional da Coreia.

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Kim foi a primeira pessoa a ser presa devido ao decreto da lei marcial de 3 de dezembro, e enfrenta acusações que incluem “envolvimento em tarefas críticas durante uma insurreição” e “abuso de autoridade para obstruir o exercício de direitos”. Um porta-voz do tribunal distrital central de Seul disse que sua detenção ocorreu em meio a preocupações de que evidências pudessem ser destruídas.

Dois oficiais de alta patente da polícia também foram detidos nesta manhã: Cho Ji-ho, o comissário-geral da Agência Nacional de Polícia da Coreia, e Kim Bong-sik, chefe da Agência de Polícia Metropolitana de Seul. Sem mandado, eles podem ficar presos por até 48 horas para interrogatório, antes de uma prisão formal.

Na terça-feira, o ex-ministro da Defesa havia dito por meio de seus advogados que “toda a responsabilidade por esta situação é exclusivamente minha” e que seus subordinados estavam “apenas seguindo minhas ordens e cumprindo suas tarefas designadas”.

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Manifestações

Várias centenas de manifestantes se reuniram na noite de terça-feira 10 em frente à Assembleia Nacional, agitando bastões luminosos e segurando cartazes que pediam o impeachment de Yoon e o chamavam de “criminoso da insurreição”. A mídia local informou que escritórios dos legisladores do Partido do Poder do Povo (PPP), sigla do presidente, foram vandalizados – uma porta foi coberta com o que parecia ser ketchup, e ovos e farinha foram espalhados no chão.

A polícia local no distrito de Dobong, em Seul, também disse que uma “arma” (não especificada) foi encontrada em frente à residência do deputado do PPP Kim Jae-sub, e que ele havia solicitado um reforço de segurança.

Lei marcial

Yoon emitiu a ordem que suspendeu o governo civil há uma semana, enviando forças especiais e helicópteros ao parlamento. Depois de seis horas, os legisladores o obrigaram a rescindir o decreto no país que se supõe ser uma democracia estável.

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Na terça-feira 10, o chefe do Comando Especial de Guerra do Exército, Kwak Jong-geun, deu informações adicionais ao informar que o presidente havia ordenado que ele impedisse a entrada de deputados no prédio da Assembleia Nacional, de forma a evitar que eles rejeitassem o decreto da lei marcial.

“O presidente me ligou diretamente por uma linha secreta. Ele mencionou que parece que o quórum ainda não foi atingido e me instruiu a arrombar rapidamente a porta e arrastar as pessoas [legisladores] para dentro”, disse Kwak.

Um advogado especial foi nomeado na terça-feira para investigar o caso da lei marcial, enquanto o PPP disse estar criando um “roteiro de renúncia” que poderia resultar na saída de Yoon do poder em fevereiro ou março, antes de novas eleições em abril. A sigla afirmou ainda que o presidente concordou em entregar o poder ao primeiro-ministro e chefe do partido, Han Duck-soo, levando a oposição a acusá-lo de um “segundo golpe”.

Já a oposição planeja organizar uma votação de impeachment todos os sábados – a primeira falhou. Os opositores detêm 192 assentos no parlamento, de um total de 300, e apenas oito membros do PPP precisam votar a favor da moção para que ela seja aprovada. Na semana passada, dois – Ahn Cheol-soo e Kim Yea-ji – votaram a favor, e mais dois disseram na terça-feira que apoiariam uma segunda tentativa.

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