Leão XIV fala de sua vida de imigrante ao reforçar compromisso social perante diplomatas
Papa recebe no Vaticano embaixadores junto à Santa Sé, entre eles brasileiro Everton Vieira Vargas

O papa Leão XIV, em sua primeira audiência ao corpo diplomático do mundo inteiro, citou sua própria experiência como imigrante durante discurso no Vaticano nesta sexta-feira, 16, para reforçar seu compromisso social, sustentado que a dignidade dos estrangeiros deve ser respeitada. Ele também usou a fala para um novo apelo pela paz – tema recorrente em seus pronunciamentos –, dizendo que países mundo afora deveriam suspender a produção de armas.
O pontífice, que nasceu nos Estados Unidos mas viveu por vinte anos no Peru, onde atuou como missionário e depois bispo, descreveu-se como um “descendente de imigrantes” e pediu compaixão e solidariedade para com as pessoas deslocadas. Ele disse que sua experiência de ter vivido na América do Norte e do Sul e suas viagens pelo mundo lhe deram a capacidade de “transcender fronteiras para encontrar diferentes povos e culturas”.
“A minha própria história é a de um cidadão, descendente de imigrantes, que por sua vez emigraram”, discursou o papa. “Cada um de nós, ao longo da vida, pode encontrar-se saudável ou doente, empregado ou desempregado, na sua terra natal ou numa terra estrangeira. A nossa dignidade, no entanto, permanece sempre a mesma, a de uma criatura querida e amada por Deus.”
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Leão XIV também indicou que continuaria a tradição de seus antecessores de viajar pelo mundo.
Eleito papa na semana passada, o pontífice concentrou seu discurso em temas como paz, justiça, liberdade religiosa, as causas profundas dos conflitos e a necessidade de diplomacia multilateral. “No nosso diálogo, gostaria que tivéssemos presentes três palavras-chave”, afirmou aos diplomatas. As três palavras, explicou, são “paz”, “justiça” e “verdade”.
Ele mencionou especificamente apenas o Oriente Médio e a Ucrânia, dizendo que eram dois dos lugares onde as pessoas estavam sofrendo “mais gravemente” hoje. Leão XIV declarou que a Igreja não hesitaria em usar “linguagem direta” para falar a verdade aos poderosos do mundo.
Rumo à entronização
Além disso, tocou em temas sensíveis do campo terreno, reafirmando a posição da Igreja contra o aborto e o ensinamento tradicional sobre o matrimônio – se trata, segundo ele, de uma “união estável entre um homem e uma mulher”, o que descreveu como base para a harmonia na sociedade.
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A audiência ao corpo diplomático é um evento obrigatório do calendário do novo pontificado. O Brasil foi representado pelo embaixador do país junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas.
Neste domingo, 18, o papa vai celebrar a missa inaugural de seu pontificado na praça São Pedro. Leão XIV já rezou vários ritos desde que foi escolhido no conclave da semana passada, a missa “de entronização” é um marco importante do início do papado. Esperam-se cerca de 250 mil pessoas no Vaticano para assisti-la, além de 200 delegações estrangeiras – o Brasil será representado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.