Kremlin acolhe apelo do papa para que Ucrânia ‘levante bandeira branca’
O líder da Igreja Católica pediu que Kiev e Moscou se sentem à mesa de negociações para pôr um fim no conflito; Zelensky rejeitou diálogo com a Rússia

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira, 11, que o apelo do papa Francisco por negociações de paz que encerrariam a guerra na Ucrânia é “compreensível”. Além disso, alegou que a Rússia está aberta ao diálogo, e que Kiev estaria se recusando a conversar por ainda acreditar na “vitória do Ocidente”.
O que aconteceu
Durante uma entrevista no domingo 10, Francisco disse que a Ucrânia deveria ter a “coragem de [levantar a] bandeira branca” e negociar com a Rússia em busca do fim do conflito. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou o apelo do pontífice e disse que ele fazia parte de uma “mediação virtual”.
Segundo Peskov, várias propostas de negociação do presidente russo, Vladimir Putin, foram negadas pelo governo ucraniano.
“Infelizmente, tanto as declarações do papa como as repetidas declarações de outras partes interessadas, incluindo nós, receberam recentemente recusas absolutamente duras”, disse Peskov a repórteres.
Para o porta-voz do Kremlin, as esperanças por parte do mundo ocidental de uma “derrota estratégica” da Rússia se mostraram inviáveis. “Este é o equívoco mais profundo, o erro mais profundo, e o curso dos acontecimentos, principalmente no campo de batalha, é a prova mais clara disso”, afirmou ele.
“Erro” em apoiar Kiev
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia também se pronunciou, interpretando a fala do papa como um pedido ao Ocidente para reconhecer que o apoio à Kiev foi um erro.
“A meu ver, o papa está pedindo ao Ocidente que deixe de lado as suas ambições e admita que estava errado”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, segundo a agência de notícias italiana ANSA.
Tentativas de negociação
Algumas propostas de cessar-fogo na Ucrânia enviadas por Putin foram rejeitadas por países intermediários, como os Estados Unidos, no mês passado. Em 2022, Zelensky assinou um decreto que afirma “a impossibilidade de negociações com o presidente russo, Vladimir Putin”.
Os aliados ocidentais de Kiev buscam outros meios de acabar com a guerra e de apoiar a Ucrânia. A possibilidade da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro também pode gerar mudanças severas na relação de Washington, importante financiador do exército ucraniano, com a guerra.
Zelensky disse na semana passada que a Rússia não será incluída na primeira cúpula de paz sobre a guerra na Ucrânia, que deve reunir lideranças mundiais na Suíça ainda neste semestre.