Juíza do Supremo dos EUA sofre pressão para renunciar antes de posse de Trump
Receio democrata é que Sonia Sotomayor deixe cargo no governo de Trump, abrindo espaço para mais um magistrado indicado pelo republicano
Sonia Sotomayor, juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos, tem sido alvo de pressão para que renuncie, de forma a permitir que o presidente Joe Biden nomeie um sucessor progressista para substituí-la antes da posse do presidente eleito Donald Trump. As informações são da emissora americana CNN, que afirmou que a magistrada, indicada pelo ex-presidente Barack Obama, por sua vez, não tem intenção de abandonar do cargo.
“Ela está com ótima saúde e o tribunal precisa dela agora mais do que nunca”, disse uma fonte próxima a Sotomayor à CNN.
O receio é de que Sotomayor, de 70 anos, deixe o cargo durante o governo de Trump, abrindo espaço para que mais um magistrado indicado pelo republicano assuma o posto na Suprema Corte, já de maioria conservadora. Não seria a primeira vez que os democratas perderiam espaço no mais alto tribunal dos EUA. Em 2020, a juíza Ruth Bader Ginsburg morreu aos 81 anos, vítima de um câncer, durante o primeiro mandato de Trump.
Ginsburg, um ícone da luta pelo direitos femininos e parte da ala mais liberal da Corte, foi substituída pela juíza Amy Coney Barrett — nomeada pelo republicano. Mais tarde, em 2022, a maioria conservadora do tribunal, incluindo Barrett, anulou a decisão judicial “Roe v. Wade”, que garantia proteções constitucionais para o aborto legal há quase 50 anos.
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Preocupação democrata
A suspensão foi amplamente criticada por democratas, tendo sido usada como mote de campanha por Kamala Harris, rival de Trump nas eleições de 5 de novembro. A preocupação é de que, com Sotomayor fora do baralho, os republicanos passem a ter ainda mais poder no Supremo americano.
Em janeiro, em discurso à Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia, Berkeley, Sotomayor disse que vivia com “frustração” com os rumos da Suprema Corte e que “cada perda realmente me traumatiza no estômago e no coração”, acrescentando: “Mas tenho que levantar na manhã seguinte e continuar lutando”. Poucos meses depois, ela disse à Universidade Harvard que às vezes chora depois de decisões do tribunal.